Crise política na Bahia: fala de Jerônimo Rodrigues sobre jogar Bolsonaro na “vala” gera pedido de impeachment e reação de adversários

Mário Flávio - 06.05.2025 às 06:03h

O governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues (PT), enfrenta uma crise política após declarações polêmicas feitas durante um evento oficial na última sexta-feira (2), no município de João Dourado. Na ocasião, ao criticar a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) durante a pandemia de Covid-19, Rodrigues afirmou que Bolsonaro e seus eleitores deveriam “pagar a conta” e serem levados “para a vala com enchedeira”, referindo-se a uma retroescavadeira.

A fala gerou forte repercussão e levou o deputado estadual Leandro de Jesus (PL-BA) a protocolar um pedido de impeachment contra o governador na Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA). O parlamentar argumenta que a declaração extrapola os limites do discurso político e configura incitação à violência contra opositores.

Além disso, o deputado estadual Diego Castro (PL), presidente da Comissão de Segurança Pública e Direitos Humanos da AL-BA, apresentou uma denúncia formal ao Supremo Tribunal Federal (STF) contra Rodrigues, alegando que a fala representa uma ameaça à integridade física de adversários políticos.

O ex-prefeito de Salvador e vice-presidente nacional do União Brasil, ACM Neto, também criticou duramente a declaração de Jerônimo Rodrigues. Em vídeo publicado nas redes sociais, Neto afirmou que o governador “quer tratar bandido com carinho e adversário político com vala”, classificando a fala como “uma ação contra a democracia e contra a vida”.

Diante da repercussão negativa, Jerônimo Rodrigues se retratou nesta segunda-feira (5), durante agenda oficial em Salvador. O governador afirmou que suas palavras foram descontextualizadas e pediu desculpas pelo uso do termo “vala”, destacando que não teve a intenção de desejar a morte de ninguém.

O ex-presidente Jair Bolsonaro reagiu duramente à declaração de Jerônimo Rodrigues. Em postagem nas redes sociais, Bolsonaro classificou a fala como “cheia de ódio” e acusou o governador de incitar violência política. “Esse tipo de discurso, vindo de uma autoridade de Estado, não apenas normaliza o ódio como incentiva o pior: a violência política, o assassinato moral e até físico de quem pensa diferente. É a institucionalização da barbárie com o verniz de ‘liberdade de expressão progressista’”, escreveu Bolsonaro. Ele também afirmou que, em qualquer cenário civilizado, a declaração deveria gerar repúdio imediato e ações institucionais firmes.