Deputados de PE divergem sobre ações de Bolsonaro para combater pandemia

Mário Flávio - 28.08.2020 às 07:55h


As políticas que vêm sendo promovidas pelo Governo Federal para minimizar os impactos econômicos do novo coronavírus – como o pagamento do auxílio emergencial e o lançamento do programa habitacional Casa Verde e Amarela – geraram debate na Reunião Plenária desta quinta (27).

Enquanto os deputados José Queiroz (PDT) e João Paulo (PCdoB) lamentaram as mais de 117 mil mortes registradas no País até o momento e criticaram a postura de Jair Bolsonaro diante da pandemia, a deputada Clarissa Tércio (PSC) elogiou as medidas, enfatizando o aumento dos índices de popularidade do presidente entre os eleitores nordestinos.

Primeiro a discursar, José Queiroz destacou que o Brasil é o segundo colocado no ranking mundial de mortes pela Covid-19 e atribuiu o fato a problemas na política federal de enfrentamento à doença. “Se tivéssemos tido uma condução correta pelo presidente, que substituiu dois ministros da Saúde em plena pandemia, hoje poderíamos ter um número menor de óbitos”, opinou. 

Para o pedetista, a “falta de direcionamento claro do Governo Federal” se mostra, também, nas políticas econômicas. “Nesta semana, Bolsonaro lançou, com toda pompa, o Programa Casa Verde e Amarela, que nada mais é do que a substituição do Minha Casa, Minha Vida (MCMV), do ex-presidente Lula. Dias depois, foi às redes sociais informar que o Renda Brasil – que vem sendo anunciado como substituto do Bolsa Família – não mais será enviado ao Congresso Nacional”, pontuou. “Essa é a maneira lamentável como o País vem sendo dirigido.”

Em defesa do Casa Verde e Amarela, Clarissa Tércio afirmou que a iniciativa atualiza os parâmetros do MCMV, de modo a ampliar a população atendida. “A meta é beneficiar 1,7 milhão de famílias de baixa renda até 2024, sendo entregues 350 mil residências, mais do que as que seriam disponibilizadas com as regras atuais”, enfatizou a parlamentar, observando que as famílias do Norte e do Nordeste serão as principais contempladas, já que terão direito a taxas diferenciadas de juros.

A deputada do PSC comentou, ainda, o impacto do auxílio emergencial na redução da pobreza no Brasil. Segundo pesquisa da Fundação Getúlio Vargas citada por ela, 13 milhões de brasileiros teriam deixado de fazer parte da população com renda per capita domiciliar abaixo de meio salário mínimo por mês. “Bolsonaro está olhando de forma especial para o povo mais sofrido, particularmente os nordestinos, que estão muito satisfeitos. Prova disso é o aumento da popularidade dele na região, que saiu de 27% para 33% na última pesquisa Datafolha”, assegurou.

João Paulo, por sua vez, criticou o fato de Jair Bolsonaro colher os frutos políticos do auxílio emergencial, uma iniciativa do Congresso e que não contava, inicialmente, com o apoio do Poder Executivo Federal. “A campanha que ele vem fazendo no Nordeste, região que lhe impôs uma histórica derrota eleitoral em 2018, tem o objetivo de blindá-lo contra um espectro que ronda o seu mandato: o da corrupção”, assinalou, falando dos cheques depositados pelo ex-assessor Fabrício Queiroz na conta da primeira-dama, Michelle Bolsonaro, ainda não explicados pelo presidente.

O comunista também acusou Jair Bolsonaro de “lançar mão de uma campanha estruturada em fake news”, de tentar intervir no Supremo Tribunal Federal (STF), explorar de forma destrutiva o meio ambiente e atacar jornalistas. “Depois de um período de hibernação, o presidente voltou a usar as mentiras de sempre e direcionar violência àqueles que considera seus inimigos. Ele utiliza o cargo para conspirar contra a democracia”, alegou. “Já são 50 pedidos de impeachment parados no Congresso, numa espera inútil de que o mandatário da nação seja amansado e que seja mantida a política econômica de Paulo Guedes”, complementou.

Em aparte ao discurso de João Paulo, o deputado Marco Aurélio Meu Amigo (PRTB) apresentou, em defesa de Bolsonaro, os recursos enviados pelo Governo Federal a Pernambuco para o combate ao coronavírus. Segundo ele, até julho deste ano, R$ 2,4 bilhões do Orçamento Nacional foram direcionados ao Estado para o enfrentamento à pandemia.