
A Câmara Municipal do Recife aprovou, em sessão plenária realizada nesta terça-feira (18), a emenda substitutiva que derrubou a proposta para a criação do Dia Marielle Franco de Enfrentamento à Violência Política contra Mulheres Negras, LBTs e Periféricas. O substitutivo foi articulado pela vereadora Michele Collins, em conjunto com a bancada conservadora da Casa, para a retirada da homenagem à parlamentar carioca, morta em 2018, em um crime ainda não solucionado.
A proposta de emenda substitutiva foi aprovada em votação nominal, com 19 votos a favor. A votação desta segunda aprovou a substituição do projeto original pelo Dia Júlia Santiago de Enfrentamento à Violência Política Contra as Mulheres. Para isso, a vereadora lançou mão de uma emenda de plenário, que é um instrumento legislativo previsto em regimento. “A homenagem para a vereadora Júlia Santiago, uma mulher comunista, operária e a primeira a ocupar um mandato eletivo nessa Casa é mais do que justa. Ambos os projetos poderiam caminhar tranquilamente nesta casa, sem que um seja impeditivo do outro. Essa atitude da vereadora Michelle me faz perguntar: A quem interessa apagar a memória de Marielle Franco? A quem interessa abafar um feminicídio político que marcou a história recente do Brasil?”, afirma Portela.
Dados levantados pela pesquisa “A violência política contra mulheres negras”, realizada pelo Instituto Marielle Franco mostra que a principal violência apontada por mulheres negras foi a virtual, representando quase 80% do total dos ataques sofridos por elas. Uma média de 8 em cada 10 das entrevistadas que foram submetidas a essa violência receberam comentários e mensagens de cunho racista em suas redes sociais, e-mail ou aplicativos de mensagens, sendo que quase 10% desses ataques foram feitos em eventos públicos virtuais. Em 62% dos casos, esses atos foram morais e psicológicos, e mais de 50% dessas mulheres foram vítimas de violência praticada por órgãos públicos, instituições, agentes públicos e ou privados.