Editorial- Será o fim de uma era na política de Caruaru?

Mário Flávio - 31.01.2023 às 08:32h

Termina nesta quarta-feira (1º) a atual legislatura da Assembleia Legislativa de Pernambuco. Dois deputados com uma vasta história na política local ficam sem mandatos após vários anos e deixam uma incógnita sobre o futuro político de ambos.

Os ex-prefeitos e atuais deputados, Zé Queiroz (PDT) e Tony Gel (PSB), que perderam à reeleição para a Casa de Joaquim Nabuco, encerram a legislatura para ficar sem representatividade do mandato.

Ambos vieram do rádio, onde se destacaram para entrar na política e se tornaram as figuras mais carismáticas da história recente da política de Caruaru. Zé era comentarista esportivo e Tony foi narrador de futebol, depois sendo diretor da emissora. A boa desenvoltura com os microfones os levaram para disputar eleições, com duas carreiras vitoriosas e com sequências impressionantes de mandatos. Cada um obteve nove.

Zé foi prefeito de Caruaru por quatro vezes, sendo o recordista a frente do Palácio Jaime Nejaim e deputado estadual em outras cinco. Ainda disputou uma eleição para o senado e perdeu por menos de 1%. Foi presidente estadual do PDT por mais de 20 anos , sendo de confiança de Leonel Brizola. Liderou o grupo e ainda trouxe para a vida pública o filho, Wolney Queiroz, que foi deputado federal por seis mandatos e atualmente ocupa a função de número 2 no ministério da Previdência.

Gel foi deputado federal em três vezes, prefeito de Caruaru em duas ocasiões, sendo o primeiro reeleito na história da cidade, vereador e deputado estadual em três legislaturas. Ainda elegeu a esposa, Miriam Lacerda, como a deputada estadual mais votada da história de Caruaru (isso com votos na cidade). Liderou o grupo Rodrigues e Lacerda.

Ambos com uma vasta história e agora terão que se reiventar para manter um legado e mostrar que apesar de ficarem sem mandatos, a folha de serviços prestados é grande e isso os credencia para disputar novos mandatos. Se vão conseguir, o tempo dirá e o primeiro desafio será justamente em 2023, o ano que ambos ficarão sem funções na vida pública. A conferir.

Eleição 2024…
A eleição do ano que vem será o primeiro desafio para os dois ex-prefeitos. Zé Queiroz exerce influência nos pleitos para prefeito desde 1978. Ele afirma por onde chega, que quer ser, candidato novamente para encerrar a vida pública com um quinto mandato de prefeito. No entanto, sem mandato terá que ver uma estratégia para não ficar fora da mídia. Zé estará com 82 anos, mas garante que está totalmente em forma, já que se cuida bastante. Ele ensaiou uma candidatura em 2020, mas devido a pandemia desistiu de entrar na disputa.

…posições
As votações no fim do mandato de Zé Queiroz foram alvo de críticas dos Caruaruenses. Votos contrários a projetos enviados pela governadora Raquel Lyra (PSDB) e a indicação de Raquel para a administração de Fernando de Noronha não agradaram. Eleitores de Caruaru afirmam que Zé leva a questão para o lado pessoal é isso pode ter atrapalhado ele.

…E Tony?
Tony também falava em disputar a eleição de 2020, mas teve que cuidar de um câncer e devido a pandemia ficou fora da disputa. Desde à reeleição para prefeito de 2004 que ele perde o apoio de lideranças e muitos apostam que a demora num sucessor prejudicou ao grupo liderado por ele. Ainda com muito carisma e bem mais novo que Zé, Tony precisa usar melhor as redes socais e talvez a volta ao rádio seja uma saída para ele seguir com destaque entre os eleitores.

…Tonynho
O provável sucessor do ex-prefeito de Caruaru é o filho dele e empresário Tonynho Rodrigues. Mas muitos acreditam que a demora de Tony em lançar Tonynho acabou prejudicando para ele entrar na política. Potencial ele tem, mas entrou para ser candidato a deputado federal numa eleição dificílima e acabou não eleito. A votação de Tonynho também não foi boa e isso pode inviabilizar outras tentativas. Alguns aliados defendem que Tonynho seja candidato a vereador na próxima eleição.

Uma dobradinha?
Outros defendem que aconteça a união dos grupos e Zé seja candidato a prefeito com Tonynho na vice. O próprio Zé Queiroz já disse isso algumas vezes, mas o problema é que o grupo de Tony ainda não superou o apoio de Zé e Wolney a Raquel em 2016. Eles acreditam que se houvesse a neutralidade naquele pleito, Gel sairia vitorioso.

…Candidatura própria?
Uma candidatura própria do grupo liderado por Tony Gel para vingar hoje é dificílima. Desde 2008 já são quatro derrotas consecutivas e houve a fragmentação. Uma aliança seria o mais provável, mas até isso hoje gera dificuldade para Rodrigues.