Escolha de Gleisi Hoffmann: estratégia de Lula diante de possível debandada do Centrão

Mário Flávio - 10.03.2025 às 07:59h

A recente nomeação de Gleisi Hoffmann para a Secretaria de Relações Institucionais (SRI) pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem sido interpretada como uma resposta estratégica à crescente ameaça de afastamento do Centrão da base governista. Lideranças desse bloco político avaliam que a escolha de Gleisi reflete a percepção de Lula de que “quem não debandou ainda vai debandar” .

Gleisi, conhecida por sua postura combativa e alinhamento ideológico à esquerda, assume a articulação política em um momento de desafios para o governo no Congresso. Sua nomeação é vista como uma tentativa de fortalecer a base petista e assegurar lealdade interna, especialmente diante da possibilidade de partidos do Centrão buscarem outros alinhamentos políticos .

Essa movimentação ocorre em meio a uma queda na popularidade do governo, o que tem levado partidos como União Brasil, PSD e MDB a reconsiderarem seu apoio. A nomeação de Gleisi é interpretada como uma guinada à esquerda na estratégia de Lula, priorizando a coesão interna do PT em detrimento de uma ampla coalizão .  

Integrantes do Centrão expressam preocupação com essa mudança, interpretando-a como um sinal de que o governo está menos comprometido com a manutenção da coalizão política tradicional. A escolha de Gleisi, que tem histórico de resistência à política de emendas e distribuição de cargos, é vista como um indicativo dessa nova postura . 

Em resposta às críticas, o ministro do Desenvolvimento Social, Wellington Dias, afirmou que alguns membros do Centrão “cospem no prato que comeram”, destacando que muitos se beneficiam de participações no governo para depois se afastarem em momentos de baixa popularidade . 

A nomeação de Gleisi Hoffmann representa uma aposta de Lula na fidelidade partidária e na consolidação de sua base ideológica, mesmo que isso implique em riscos na relação com o Centrão e na governabilidade no Congresso.