Por Tâmara Pinheiro – Do Livro: Relatos da ditadura em Caruaru – Histórias que os livros não contam
Durante a adolescência, quando passou alguns anos sem estudar, fez do seu passatempo a leitura. Nas horas livres, lia revistas, jornais e livros e assim pôde conhecer o poder das palavras. O interesse pela atividade literária tornou-se mais aguçado quando foi trabalhar na Biblioteca Municipal. “Fui trabalhar lá por causa do gosto pela leitura. Como muitos adolescentes, eu sonhava um dia em ser escritor, então comecei a ler e escrever bastante. No período que eu fiquei sem estudar, aproveitei e passei um ano escrevendo sobre a minha infância. Tinha muita bobagem, hoje em dia não publicaria, mas posso assim dizer que foi meu primeiro livro”.
O interesse por escrever foi amadurecendo, assim como a escolha de autores que o inspiravam. Quando mais novo, gostava muito de José de Alencar, por causa do seu romantismo. Mais tarde passou a admirar os escritores Machado de Assis, Graciliano Ramos e Érico Veríssimo, que retratavam mais a realidade. E, através do seu talento, foi chamado para colaborar com alguns jornais da época. Seu primeiro artigo foi publicado no Jornal Vanguarda e a partir deste escreveu outras centenas, sempre dando sua opinião acerca da vida caruaruense e de assuntos de relevância nacional, no jornal Vanguarda e no Opinião.
O bancário e o sindicato – Após sua temporada no sertão, Assis Claudino voltou a Caruaru e ingressou na carreira bancária, trabalhando no Banco Nacional do Norte (BANORTE). Sua experiência durou cinco anos, e durante este tempo, sempre se mostrou presente para defender os direitos dos companheiros de trabalho. “Nessa época, quando comecei a trabalhar, foi quando eu comecei a me ligar com o movimento político de esquerda. Assim comecei a atuar nesta via política. Dessa convivência veio a ideia e a oportunidade de fundar o sindicato dos bancários na cidade.
“(…) o comportamento do movimento sindical apresentou-se vinculado ao processo político do País e influenciou de modo decisivo, o desdobramento dos acontecimentos políticos. A ação do movimento sindical foi um fator fundamental na crise e na superação da ditadura militar.” (Armando Boito Jr. Site da Associação dos Professores da PUC – SP).
Antes de fundar o sindicato, era necessário formar uma associação e apenas após dois anos de atuação, podia-se criar um sindicato. Todo esse caminho foi seguindo e por fim, surgiu o Sindicato dos Bancários de Caruaru, em 14 de julho de 1962. Na época da fundação, Sissi tornou-se o primeiro secretário da instituição. Como em qualquer área social e econômica da época, o sindicato e seus membros eram influenciados, direta ou indiretamente, por idéias esquerdistas ou de direita. Apesar da aceitação da maioria dos trabalhadores, também existiam os que eram contra, por ligarem a função sindical com práticas comunistas.
“Essa luta de esquerda e direita era muito acirrada, devido à agitação política da época. Então, em todo o canto, em todo ambiente de trabalho, da sociedade, sempre havia aquela dicotomia, aquela inimizade. Dentro dos bancos também existiam aquelas pessoas de direita, radicais, contra os comunistas ou qualquer ação que reunissem lutas dos trabalhadores. Mas, muitos bancários apoiavam e participavam do sindicato”.
Mesmo com a empolgação inicial dos bancários por contar com uma organização que reunissem e lutasse por seus interesses, o sindicato teve suas atividades interrompidas pouco tempo depois. Com o Golpe Militar de 1964, os sindicatos em sua maioria foram dissolvidos ou receberam intervenções militares. A diretoria a qual Assis participava, foi excluída e muitos presos, como Assis.