CARTA AOS NOSSOS CAMARADAS, COMPANHEIROS, AMIGOS E FAMILIARES.
Caruaru, 03 de outubro de 2016.
Minha vida nos últimos meses foi bastante agitada, seja de momentos tristes a momentos de alegrias. Passei por muitos problemas de ordem pessoal, percas familiares, porém eu não poderia estar tão honrado nesse momento, pois nossa causa é maior que nossos interesses. Cada voto dos 349 que obtive tem um peso significativo para nós, são votos de consciência, votos de respeito, de amor, fraternidade e acima de tudo votos de trabalhadores e trabalhadoras que querem de fato mudar para melhor nossa cidade, cidadãos e cidadãs que querem de fato transformar Caruaru no lugar melhor de se viver, pessoas que acreditaram e acreditam que podemos tornar Caruaru em uma cidade construída por trabalhadores e trabalhadoras para trabalhadores e trabalhadoras, pois são essas pessoas que mais têm necessidades e o direito de usufruir dos benéficos que uma gestão humanizada possa frutificar, porém esses mesmos batalhadores são esquecidos durante as gestões desses governos elitistas.
Nossa campanha colocou pautas antes não discutidas na cidade, nós defendemos programas de ressocialização, IPTU progressivo, municipalização do transporte público, implantação de cooperativas de trabalho na cidade e zona rural, coleta seletiva, preservação do Rio Ipojuca, fortalecimento do SUS, participação popular, acessibilidade, educação inclusiva, valorização do professor e do estudante, passe livre estudantil, eleições diretas para gestores escolares, valorização da identidade e patrimônio cultural de Caruaru, respeito a diversidade, combate a toda e qualquer forma de opressão, ou seja apresentamos propostas pensadas a partir da periferia. Tais propostas, norteiam os cinco eixos que nosso histórico e respeitado PCB defende, sendo assim, continuaremos lutando pela construção do poder popular, fortalecimento da economia pública, meio ambiente, universalização dos direitos e universalização das lutas.
Vale lembrar que em nossa primeira entrevista para uma emissora de TV local dissemos que nossa campanha seria o início de uma luta pela construção de uma frente de esquerda, sem conchavos com as elites que dominam Caruaru a mais de cinco década, e a partir de agora iremos trabalhar pela construção dessa frente, para que essa esteja integralmente comprometida em defender a construção do poder popular, superando a lógica sistêmica do período eleitoral burguês.
Outro objetivo foi dar voz a nossa periferia que é silenciada pelas grandes campanhas e seus marqueteiros, assim sendo as comunidades e suas tramas foram o ponto referencial de nossa problemática. E sempre nós colocamos contra os privilégios políticos, pois a mentalidade de servidor público deve prevalecer para quem de fato defende uma gestão participativa e inclusiva.
Lutar contra os opositores políticos é algo natural, mas também tivemos que travar uma batalha para ter espaços nos meios de comunicações que infelizmente em suma maioria nos boicotou ou limitou nossas participações em tais lugares, uma mídia que impôs a população suas escolhas, usando de leis excludentes para justificar o injustificável. Não é assim que se faz política, mas é assim que funciona a democracia burguesa que exclui o proletário de participar. Ou seja, leis burguesas não defendem democracia, mas os próprios interesses dos exploradores.
Leis burguesas geram uma espécie de apartheid sociopolítico, entre votantes e votados, e fazer essa transição só é possível se estiver atrelado ao capital financeiro, um atrelamento que gera o um péssimo comprometimento imediato por parte dos eleitos. Ou seja, no sistema burguês não há participação popular, mas o ópio democrático. O geógrafo Milton Santos já dizia, falamos tanto em democracia, mas não discutimos que tipo de democracia nos queremos. E sem dúvida não é esse modelo que defendo.
No entanto, em nenhum momento pensamos em desistir, sabíamos das adversidades, limitações e dificuldades. Mas nunca fugimos de nosso dever de representar e defender nossa classe, a classe trabalhadora, seja onde for ou seja lá como for, nossa causa sempre será maior.
Por fim, só queria dizer que não tenho como nominar todas as pessoas que nos ajudaram durante esses últimos meses, e para não ser injusto com ninguém deixo meus sinceros agradecimentos, muito obrigado a todos que depositaram sua confiança e esperança de uma Caruaru melhor em nossa candidatura. Muito obrigado aos que militaram conosco sem nenhum interesse financeiro, mas sim pela causa. Encerramos nossa participação nesse ciclo eleitoral, mas não nossa participação política, pois está última não se faz apenas dentro de um partido ou a cada quatro anos.
A partir de hoje nossa luta é na rua, nossa luta é nos movimentos sociais, é na militância! Pois dias tenebrosos virão, ataques aos trabalhadores estão em curso, sejam esses ataques em nível nacional, estadual ou local, devemos nos unir para resistir a tais arbitrariedades, a direita reacionária tem atacado sem piedades as duras conquistas dos trabalhadores (as) e temos o dever de estarmos juntos a nossa classe e em defesa de seus direitos. É da militância que vim, é de lá que sou, e é isso que tenho mais orgulho de ser, um militante orgânico! Seja quem for e onde for, se você for contra a classe trabalhadora eu serei seu opositor. Nada de conchavos com a direita! Pois a saída é pela esquerda. Parafraseando Che Guevara, encerro esta modesta carta dizendo que não tenho culpa se meu sangue é vermelho e meu coração fica do lado esquerdo do peito!
Professor Jefferson Abraão – PCB Caruaru.