Do Poder360

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) defendeu, nesta terça-feira (24), a necessidade de reforçar a integração entre os países da América Latina e do Caribe e disse que a região precisa aprofundar diálogos com China, Índia e com a União Europeia, União Africana e Associação de Nações do Sudeste Asiático (Asean).

O petista também agradeceu às manifestações de repúdio de países do grupo pelos atos do 8 de Janeiro, quando extremistas destruíram as sedes dos Três Poderes, em Brasília. Para Lula, “tentações autoritárias” desafiam a estabilidade das democracias na região.

“É importante ressaltar que somos uma região pacífica, que repudia o extremismo, o terrorismo e a violência política. A maior parte desses desafios, como sabemos, é de natureza global, e exige respostas coletivas”, disse Lula em discurso na 7ª Cúpula da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), realizada em Buenos Aires, capital da Argentina.

“Não queremos importar para a região rivalidades e problemas particulares. Ao contrário, queremos ser parte das soluções para os desafios que são de todos”, completou.

O Brasil retornou ao fórum internacional depois de 3 anos de ausência por decisão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

O discurso em defesa de uma integração regional tem marcado a 1ª viagem internacional do presidente desde que tomou posse. Nessa segunda-feira (22), Lula se reuniu com o presidente da Argentina, Alberto Fernández, e assinou uma série de memorandos, dentre os quais o de integração financeira para se criar uma moeda comum virtual para transações comerciais. Nesta quarta-feira (25), ele visitará também o Uruguai.

“Ao longo dos sucessivos governos brasileiros desde a redemocratização, nos empenhamos com afinco e com sentido de missão em prol da integração regional e na consolidação de uma região pacífica, baseada em relações marcadas pelo diálogo e pela cooperação. A exceção lamentável foram os anos recentes, quando meu antecessor tomou a inexplicável decisão de retirar o Brasil da Celac”, disse.

Lula também agradeceu ao apoio de países do grupo à candidatura do Brasil para sediar a COP30, em 2025. O governo brasileiro apresentou a candidatura de Belém do Pará para ser a sede do evento. O presidente afirmou que a realização do evento no país será importante para “mostrar ao mundo o potencial do desenvolvimento sustentável e da economia verde”.

No início da cúpula, Lula foi convidado por Fernández para ser o 1º a discursar, mas preferiu que as falas seguissem por ordem alfabética de acordo com o nome do país. A Celac é composta por 33 países. Pela ordem, o Brasil foi o 7º a discursar.

Criada em fevereiro de 2010 quando a maioria das nações da América Latina eram governadas por governos de esquerda, a Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos agrupa quase todos os países da Organização dos Estados Americanos (OEA), exceto Estados Unidos e Canadá. É considerada um dos principais fóruns de debates políticos da América Latina.

As falas das autoridades não foram transmitidas e não puderam ser acompanhadas por jornalistas. O discurso de Lula foi repassado à mídia brasileira pela Secretaria de Comunicação da Presidência.