MDB e União Brasil discutem fazer parte da base do Governo Lula; mas não há unanimidade dentro dos partidos

Mário Flávio - 11.11.2022 às 08:25h

Do Ppder 360

Dirigentes do União Brasil e do MDB têm conversado sobre a possibilidade de dar sustentação no Congresso ao governo do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Com a criação de um “blocão” no radar, cobram agora que o petista acelere o mapeamento dos partidos para sua base de apoio.

“Se eu fosse o presidente Lula, já teria começado”, afirmou ao Poder360 o líder do MDB na Câmara, Isnaldo Bulhões (AL). “Acho fundamental Lula e seus coordenadores políticos delimitarem a base de sustentação que querem tanto na Câmara quanto no Senado”, completou.

Na 4ª feira (9.nov.2022), o presidente do União Brasil, deputado Luciano Bivar (PE), conversou com Bulhões sobre “construção” e “conjecturas” em torno da base de Lula no Congresso. Os senadores Renan Calheiros (MDB-AL) e Eduardo Braga (AM), líder do MDB na Casa, também participaram.

Os 2 partidos discutem a formação de um bloco partidário. Para Bulhões, contudo, seria fundamental que o governo Lula se articulasse para incluir todos os partidos que eventualmente o apoiarem no Congresso em um “blocão”.

Em um cenário otimista, estariam incluídos aí o PT e todas as legendas da coligação de Lula, incluindo o PDT, além de, ao menos, União Brasil, MDB e PSD.

Em outra frente, o União Brasil também estuda a formação de um “superblocão” com o PP, o PSD e outros partidos ligados ao chamado Centrão, que incluem também Republicanos, PSC, PTB e Patriota.

Pelo regimento das Casas do Congresso, o tamanho dos blocos dita a ordem de prioridade sobre o controle das comissões mais importantes, como a CCJ (Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania), e de comissões especiais, como as que analisam propostas de emenda à Constituição.

Bivar não vê empecilho para o PP fazer parte da base de sustentação do governo Lula. “O próprio [Arthur] Lira foi um dos primeiros a reconhecer a vitória de Lula”, afirmou.

Na Câmara, o líder do PP, André Fufuca (MA), disse que o partido só vai discutir apoio ao governo petista quando não tiver representante na atual gestão, de Jair Bolsonaro (PL).

Mesmo que Fufuca não feche a porta ao diálogo com Lula, o atual ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira, presidente licenciado do PP, já declarou que será oposição ao governo petista.

Além disso, Renan Calheiros e Bulhões são rivais políticos do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP), em Alagoas e Brasília. O cenário torna improvável a presença do PP e do MDB em um mesmo bloco de apoio a Lula.

Os emedebistas têm atuado contra a pretensão do deputado de se reeleger ao comando da Casa –o que, na prática, significa convencer Lula de que consegue governar sem a ajuda de Lira.

O presidente eleito declarou na 4ª, no entanto, que não vai interferir nas eleições para as presidências da Câmara e do Senado. Para Lira, é a senha de que o PT não deve lançar candidato na disputa e sinal de caminho livre para a recondução ao cargo por mais 2 anos.