Neutralidade é também uma posição política

Mário Flávio - 19.07.2018 às 07:04h

Por Inaldo Sampaio

Inspirado em Miguel Arraes, que o antecedeu no cargo, o presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, não aceita que seu partido fique “neutro” nas próximas eleições presidenciais. O PSB tem sido cortejado pelo PT e o PDT, mas não há consenso entre os seus líderes para conduzi-lo a uma só direção.

Daí estarem surgindo vozes isoladas pregando a neutralidade, como fez o MDB em 2006, por exemplo, que abdicou de tomar partido na disputa presidencial para priorizar a eleição de deputados federais e senadores. Arraes sempre teve enorme dificuldade para aceitar que um partido político ficasse neutro numa disputa eleitoral.

Para ele, o partido deveria se abraçar com o “menos ruim”, mas jamais adotar a neutralidade, que seria uma espécie de omissão política. Ele não concordava com a tese de que ficar “neutro” era também uma posição política, assim como o são também o voto branco, nulo e a abstenção.

É portanto em homenagem a ele que Siqueira não aceita que o PSB fique neutro nessas eleições, talvez a única maneira de mantê-lo inteiro. “O país está em uma crise política, social e econômica sem precedentes. Aí nós vamos dizer que estamos neutros? Que partido é esse? Eu não reconheceria o PSB se ficasse neutro. Isso não seria o PSB, mas uma casa de interesses pessoais. Defendo que o partido tome uma posição.

Neutralidade é inaceitável e imperdoável”, diz o presidente nacional do PSB, que pode até ser voto vencido, internamente, mas jamais aceitará essa posição.