
Nessa segunda-feira (17), a Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) testemunhou um novo capítulo da crescente tensão entre o governo de Raquel Lyra e os parlamentares. O estopim da crise atual é o pagamento de R$ 32 milhões em emendas parlamentares impositivas, realizado de forma desigual, conforme apontaram vários deputados.
O presidente da Assembleia, Álvaro Porto, foi um dos principais críticos da gestão de Lyra. Ele afirmou que, apesar do pagamento significativo das emendas na última sexta-feira (14), a distribuição dos recursos não seguiu os preceitos de equidade estabelecidos pela Lei de Diretrizes Orçamentárias e pela Constituição Estadual. Essa irregularidade na alocação de fundos levantou sérias preocupações sobre a transparência e a justiça nas ações do Executivo.
Outros deputados, como Alberto Feitosa (PL), Waldemar Borges, Sileno Guedes e Rodrigo Farias, todos do PSB, ecoaram as críticas de Porto, sublinhando a frustração generalizada entre os parlamentares que se sentiram excluídos ou preteridos no processo de liberação das emendas. A percepção de favoritismo ou de tratamento desigual por parte do governo apenas alimenta a desconfiança e a divisão dentro da Alepe.
Em contraste, a vice-líder do governo na Alepe, Débora Almeida, tentou mitigar a crise defendendo a gestão de Raquel Lyra. Almeida garantiu que as emendas restantes seriam liberadas nos próximos dias, uma promessa que busca acalmar os ânimos e restaurar a confiança entre os deputados. No entanto, a defesa de Almeida pareceu pouco eficaz diante do coro de críticas e da sensação de injustiça que permeia o legislativo estadual.
A crise atual, portanto, não se resume apenas ao pagamento das emendas. Ela reflete uma desarmonia mais profunda e uma falha na articulação e na gestão das expectativas dos parlamentares. A resposta do governo de Raquel Lyra nos próximos dias será crucial para determinar se essa crise será superada ou se se transformará em uma ferida mais profunda e duradoura na política pernambucana.
Diante desse cenário, fica evidente que a governadora Raquel Lyra precisa adotar medidas concretas para garantir a equidade na distribuição dos recursos e reforçar os canais de diálogo com a Assembleia Legislativa.