O mercado editorial na pandemia e pós é tema de palestra de Antônio Campos

Mário Flávio - 12.08.2020 às 07:26h

Na era dos dispositivos eletrônicos, o impresso tem perdido espaço no mercado editorial. Durante este período de pandemia, isso ficou ainda mais intenso, já que os produtos digitais são mais acessíveis dentro de um contexto de isolamento social.

Diante disso, como se encontra a leitura e a distribuição de livros? Para falar sobre o assunto, a Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj), em parceria com a Feira Literária do Vale do Ipojuca (Flipojuca) realizará a live ‘O livro e o mercado editorial em tempos de pandemia e pós’, no canal da Fundaj no YouTube, nesta sexta-feira (14). Dessa vez, o evento virtual contará com palestra do presidente da Instituição e escritor, Antônio Campos e mediação do diretor de Memória, Educação, Cultura e Arte (Dimeca) e jornalista Mario Helio Gomes.

“Mudanças fazem parte do ciclo da vida. A partir da revolução industrial e depois com a globalização muitas transformações aconteceram para melhorar a qualidade de vida. Dessa forma, as pessoas encontraram novas possibilidades e maneiras de se adaptarem. Hoje não é diferente, e precisamos enxergar a tecnologia como uma aliada e não como inimiga do livro. Devemos ter um olhar estratégico para inovar e expandir a leitura nestes novos tempos”, reflete Antônio Campos. Na palestra em questão, o escritor refletirá um pouco sobre o nicho da editoração de livros e suas perspectivas para a atualidade e o futuro, de acordo com sua trajetória de experiências na área. Nesse dia, também lançará livro Pernambuco, Jardim de Baobás, em formato e-book.  

Filho do escritor Maximiano Campos, Antônio também é poeta. Dos livros que escreveu, estão títulos como “A reinvenção do livro” (2011), “Diálogos Contemporâneos” (2010), “Viver é resistir” (2005), “Território da Palavra” (2008) e “Portal de sonhos, poesias” (2008). Em Pernambuco, Jardim de Baobás, Antônio divide com o jornalista e fotógrafo Marcus Prado a missão de mapear as mais de 130 árvores da espécie presentes no Estado.

A obra se transforma em um almanaque, contendo diversos aspectos sobre a planta de origem africana, como, por exemplo, sua chegada ao Brasil e as lendas que correm ao seu redor, até assuntos mais densos, a exemplo da relação do território pernambucano com o tráfico negreiro e urgência de preservação desta espécie.

Na sétima edição da Fliporto, promovida em Olinda, no ano de 2011, Antônio e Marcus lançaram um movimento cultural que resultou no projeto Pernambuco, Jardim de Baobás, do qual nasceu o título. Com ele, registraram baobás em Arcoverde, Araripina, Ipojuca, Sanharó, São José do Belmonte, Serra Talhada, Vicência e tantas outras cidades.

A grande maioria na capital pernambucana. Além da exposição de fotos sobre o exemplares de baobás, do jornalista e fotógrafo Marcus Prado – que se manteve aberta na Casa Fliporto durante dois anos -, foram distribuídos no meio da população, em escolas, mais de 15 mil livros voltados, em sua maioria, para a preservação ecológica. Dentre uma lista especial para as lares de idosos e associações religiosas.

“Pernambuco é um verdadeiro jardim de baobás, uma das manifestações genuinamente africanas. Era a árvore venerada pelos escravos, tal como a gameleira representa para os cultos de origem africana. Não toque com maldade no baobá, pois seria o mesmo que tocar na alma da gente negra da África continental”, discorre Campos, ao recordar o belo baobá na rua em que vive no Poço da Panela. “Para falar a verdade, não consigo ver a rua onde moro sem esse baobá. Com ele tenho o prazer de me deparar, toda manhã, sempre que vou à varanda do meu apartamento. É um ornamento arbóreo que enche os olhos de alegria. Símbolo de uma tradição, de uma oralidade que não encontra em si qualquer limite, altamente perdurável e reincidente na evocação dos direitos ancestrais”, conclui.