Compreender o discurso sobre a ética só é possível quando ela – a ética – é precedida de práticas. Na desgastante rotina política em Caruaru, a população tem assistido, pela imprensa, falas patéticas de vereadores indiciados em diversos crimes e que retornaram ao Legislativo, usando a tola estratégia de se apresentarem como “ ingênuos vitimados pelo mal”.
É inquestionável o direito de buscarem suas defesas, isso chama-se “liberdade democrática”. Questionável é o corporativismo do modelo político, que cria “Comissão de Ética” onde o poder julga seus próprios pares, com um detalhe: em Caruaru, o interrogatório é feito atrás de portas fechadas a 7 chaves, distantes do povo. Vale lembrar que o assunto em pauta diz respeito a todos nós, cidadãos que constituímos o referido poder, os elegemos e também os financiamos com pesados impostos. Verdade às escondidas?
Conhecereis a verdade e ela vos libertará, ensinou o mestre Jesus há 2.000 anos…em Caruaru esse mandamento não serve para os vereadores, já que os mesmos não nos permitem conhecê-la quando se trata de assuntos do interesse desses senhores. Queremos a verdade imparcial, não a conveniente. Quem não aceita questionamentos, não pode estar no serviço público. Sugestão aos vereadores: quando usarem os veículos da imprensa, melhorem o vocabulário, pois expressões chulas como “o fusquinha voltou” (a volkswagem retomou a produção?) “vamos votar a favor do bem e não do mau” (precisa dizer o óbvio?) e “Caruaru precisa mudar” (para qual território?) são de uma pobreza vocabular sem tamanho, próprios de quem desconsidera a educação e nós, educadores.
Cenas de violeiro e dançarino na tribuna, manchetes policiais, delegacias e presídios, discussões com ofensas pessoais, denúncias de violência física e outras mazelas revelam que a Câmara de Caruaru tem vivido a maior crise ética de sua história. Sem educação nem ética, alguns vereadores fazem a política cada vez menor, grande mesmo só o sentimento de indignação da população da Princesa do Agreste!
Ética presume respeito, honestidade, dignidade, competências, verdades e nobreza de caráter.
O povo de Caruaru exige, precisa e merece qualidade dos seus representantes. É nossa história e seus desdobramentos. Educação libertadora Já!
*José Urbano é professor universitário