Opinião – Aos vereadores, que têm família e, um dia já foram estudantes – por Eliana Dias*

Mário Flávio - 14.03.2014 às 07:25h

Dia fatídico 31.01.2013. Esse dia marca a maior quebra de confiança da história da nossa cidade. Foi aprovado o Plano de Cargos e Carreiras da Educação de Caruaru. Plano esse que destrói a carreira de centenas de pais, mães e jovens. Os professores de Caruaru.

Desde essa data a classe se uniu em torno dos reais motivos de tamanha insensibilidade com uma categoria tão importante para formação de uma sociedade humanizada, ainda mais por se tratar do primeiro ato de um mandato que já se iniciava apunhalando o povo, que elegeu vossas excelências e confiou as leis do município em suas mãos.

Motivos foram expostos, ações realizadas por parte da categoria dos professores, um ano inteiro de luta pela revogação desta lei que entre outras coisas retira dos professores a possibilidade da formação acadêmica em nível de mestrado ou doutorado, mas de forma mais brutal ainda perdas reais e imediatas foram sentidas prejudicando de várias formas, inclusive financeiramente todos os professores de Caruaru.

Hoje, o professor não recebe gratificação de regência, a elevação de nível foi reduzida a valores irrisórios e a pretexto de já pagar o piso salarial até o reajuste referente as perdas inflacionárias de 8,32%, custeado pelo Governo Federal, não nos foi repassado.

Nosso ambiente de trabalho é altamente insalubre. Salas de aula lotadas, quentes, escuras, com vidraças quebradas, goteiras, sem água tratada e até mesmo escolas onde não existe sala dos professores. Nossos alunos são submetidos a situação de constrangimento diariamente pela falta de segurança de vários prédios escolares, alguns deles chamados anexos, que são casas sem a menor infra estrutura que a prefeitura aluga a preços consideráveis e não oferecem condições para serem espaços escolares.

Temos conhecimento, pois vimos escolas onde as crianças usam banheiros sem porta, a merenda é preparada em cozinhas improvisadas e o espaço que as merendeiras tem para colocar os pratos e utensílios utilizados na preparação do alimento servido aos alunos depois de lavados é um plástico no chão do que seria o quintal de uma residência. Já que citamos os alimentos, queríamos nós que todas as crianças que estudam na rede municipal tivessem a merenda escolar de acordo com o que está no cardápio divulgado.

Várias vezes professores presenciam o lanche dos seus alunos, canja com pés, pescoço e costelas de frango, 3 unidades de bolacha salgada e suco feito com água da torneira, cuscuz seco são exemplos frequentes do que é servido na merenda escolar da maioria de nossas escolas.

Ainda temos que conviver com propagandas veiculadas nos meios de comunicação que não retratam a nossa realidade, numa clara tentativa de formar uma opinião errônea na população de que a luta dos professores é vã, de cunho político eleitoral e que o grupo descontente está reclamando por “balelas”.

Por esses motivos estamos em greve, afinal escolhemos a docência não só por amor à educação, mas por acreditar que o trabalhador é digno do seu salário e este deve ser suficiente para prover suas necessidades e de sua família de forma integral. Somos pais, mães e jovens e queremos ajudar nossos educandos a terem um futuro e uma esperança, a não desacreditar na democracia e nas instituições de direito.

Esperamos a atenção dos senhores que hoje estão aqui para representar o interesse coletivo, pois antes de tudo, cidadãos sabem que o que constrói uma nação é o seu povo.

*Eliana Dias é professora da rede municipal