No sábado passado, 17, dezenas de municípios estiveram presentes no encontro para reforçar o campo que apoia Armando Monteiro (PTB) ao governo do estado nas eleições deste ano. No ano passado, mais precisamente em agosto, eu escrevi sobre o que poderia ser um “divisor de águas” na política local, mesmo que naquele momento Monteiro não quisesse associar o encontro ao lançamento de sua pré-candidatura ao governo do estado. Uma vasta representatividade política da região encheu o local do evento antecipando isso.
O alinhamento PT e PTB vem desde 2010, num processo contínuo de parceria também com PSB. Mesmo com a pré-candidatura própria do PSB sendo divulgada, e com alguns prefeitos do PTB sinalizando apoio a Campos, Armando parece sempre buscar um equilíbrio de forças, e é o que visivelmente temos visto. O PTB se reforçou filiando ex-petistas e militantes históricos. Foi cada vez se aproximando de movimentos populares ligados à educação, juventude, esportes e a ala progressista das igrejas, e, aqui em nosso município oportuniza a chegada do caruaruense Douglas Cintra ao senado. Cintra, apesar da forte identidade com meio empresarial tem sensibilidade e relação com movimentos sociais.
Quem esteve na FAFICA, que estava lotada, além de perceber o resultado da boa organização e articulação do PTB local, sob o comando de Marcos Casé e Douglas, percebeu muitos dirigentes e militantes do PTB, PT, PSC, PROS, PMDB e PRB entre outros e lideranças comunitárias. Além de João Paulo, Humberto Costa, Tereza Leitão e do atual presidente do PT no município, Adilson Lira, vi governistas locais como a secretária de Participação Social Louíse Caroline, o diretor de Cultura Djair Vasconcelos e outros membros da direção municipal do PT, Wilon Valença. Com uma plateia visivelmente com boa participação de militantes e dirigentes petistas da região, entre vários amigos e companheiros, reencontrei o vereador petista de Serra Talhada, Sinésio Rodrigues.
Como já vimos em outras matérias, além de compromisso com uma forma transparente e participativa de governar, os discursos foram bastante críticos a figura de Campos, sempre lembrado como alguém que desertou o grupo. Armando lembrou em seu discurso que o alinhamento de antes permanece mantido.
MOVIMENTOS SOCIAIS NUMA ENCRUZILHADA
Enfim, o campo da esquerda está todo no mesmo palanque? Ao que parece não. No domingo 18 a UJS declarou apoio a Câmara. Pelas conversas que tenho tido com lideranças do Movimento Sem terra (MST) e do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) ainda não há nada definido. As bases ainda estão sendo consultadas. Se houver segundo turno, ou aqui ou para nacional, ai sim, os movimentos se definem mais fácil, pois aí qualificaria melhor o debate. Há agora um encontro nacional dos Sem Tetos em Belém, e segundo Marcos Cosmos que além de liderar o movimento no estado é da nacional, só num encontro em junho é que isso vai ser definido.
Num período de tanto desgaste e desgosto por parte de tantos que se sentem desmotivados pelo processo político/eleitoral, qualquer esforço de tentar resgatar a vontade e confiança é bem vindo. A esperança de uma pátria melhor jamais pode enfraquecer dentro de cada cidadão brasileiro.
ESQUERDA & DIREITA, QUEM É E QUEM NÃO É?
Há um texto clássico de Frei Betto que analisa e nos ajuda a refletir sobre a tão badalada questão. Para ele o direitista é aquinhoado por uma conjuntura que lhe é favorável, envaidecendo-se com a claque endinheirada que o adula como um dono a seu cão farejador. Já o esquerdista, cercado de adversários por todos os lados, julga que a história resulta de sua vontade.
O direitista jamais defende os pobres e, se eventualmente o faz, é para que não percebam quão insensível ele é. Olha os deserdados pelo binóculo de seu preconceito, enquanto o esquerdista prefere evitar o contato com o pobre e mergulhar na retórica contida nos livros de análises sociais.
Para Betto, o direitista adora desfilar suas ideias nos salões, brindado a vinho da melhor safra e cercado por gente fina que enxerga a sua auréola de gênio. O esquerdista coopta adeptos, pois não suporta viver sem que um punhado de incautos o encarem como líder.
Afirma que o esquerdista não se preocupa apenas em combater o sistema, também se desgasta em tentar minar políticos e empresários que, a seu ver, são a encarnação do mal, enquanto o direitista posa de intelectual, empina o nariz ao ornar seus discursos com citações, como a buscar na autoridade alheia a muleta às suas secretas inseguranças.
E no texto segue lembrando que direitista é emotivo, prepotente, envaidecido. O esquerdista é frio, calculista e soberbo. O direitista detesta falar em direitos humanos, e é condescendente com a tortura. O esquerdista admite que, uma vez no poder, os torturados de hoje serão os torturadores de amanhã.
Enfim o Frei dominicano conclui dizendo que Direitista e Esquerdista – são dois perfeitos idiotas, sendo que um sofre da doença senil do capitalismo e o esquerdista, como já afirmou Lênin, está enfermo da doença infantil do comunismo.
TOSTINES
Em Caruaru, durante a greve da PM e Bombeiros o povo correu nas ruas por causa dos boatos ou os boatos se espalharam por conta da correria? Em Abreu e Lima a população mais pobre saqueou para ter acesso a bens de consumo ou a ambição de TER desequilibrou o SER? Em Recife os saqueadores estão devolvendo o que roubaram por peso de consciência ou medo de pagarem nas grades se forem revelados?
PARA REFLETIR
“Quando a miséria passar a usar o poder que tem, a elite tremerá!”
(Conblim)
*Paulo Nailson escreve semanalmente no blog Política de AaZ. No Jornal de Caruaru tem a coluna Cultura e Cidadania e é responsável pelo blog presentiaonline. Atua na Cultura e no meio político.