Opinião – Caruaru supera Pernambuco em saldo de empregos e intensifica drama eleitoral – por Pedro Neves*

Mário Flávio - 04.09.2019 às 12:50h

Apesar do slogan de “Pernambuco Trabalhando”, e de apresentar no primeiro trimestre de 2019 um crescimento do PIB (1,2%), o estado de Pernambuco não tem conseguido bom desempenho na geração de empregos. Ficado entre os piores estados com geração de empregos.

É um fato curioso do ponto de vista da análise econômica, tendo em vista a relação direta entre crescimento econômico e geração de empregos. E apesar da recessão econômica do país, outros estados conseguiram reverter a aceleração do desemprego, como é o caso do estado de Minas Gerais.

Segundo dados do Caged, o município de Caruaru apresentou nos últimos 12 meses um desempenho superior ao estado de Pernambuco no Saldo de empregos formais. Os dados indicam a cidade ficou com uma variação positiva de 0,95% nos últimos 12 meses, e o estado de Pernambuco com saldo negativo de – 0,21% para o mesmo período.

O cenário ganha um drama político dado às questões eleitorais envolvendo os grupos políticos de Caruaru, e o governador Paulo Câmara. Inclusive com o fato do atual Secretário De Trabalho do Estado, Alberes Lopes, ser de Caruaru e ter uma potencial chance de voltar a disputar algum cargo político no futuro.

No que se refere a análise econômica, Caruaru tem mantido esse desempenho dado o dinamismo empreendedor da região. Nos últimos 12 meses os setores de comércio e serviços mantiveram uma variação positiva na geração de empregos, e mais recente (julho) com desempenho da construção civil. Para o estado de Pernambuco, o fraco desempenho se deve aos setores de extração mineral, industria de transformação, construção civil e a própria administração pública.

É provável que o saldo de empregos negativo na administração pública do estado de Pernambuco signifique um ajuste fiscal tardio. Segundo relatórios do Tesouro Nacional o estado de Pernambuco estar entre aqueles com limite na lei de responsabilidade fiscal.

Importante destacar que o modelo de política econômica escolhido pelo Governo de Pernambuco é ancorado na tributação, ou seja na arrecadação. Já outros estados buscaram o ajuste fiscal, no controle das despesas como modelo. E como apontou o FMI a partir de estudos, em média, aumentar impostos é muito pior para a atividade econômica e o desemprego do que cortar gastos, como pode ser visto nos gráficos abaixo.

Sem uma mudança política do governo do estado é difícil ver um cenário positivo no curto prazo. Espero estar enganado!

*Pedro Neves é economista