Lamentável o que fizeram com o estudioso de Caruaru, Emanuel Leite. O “desacato” que lhe acusaram de ser autor, deve ser recebido como “honroso” título biográfico, na cidade na qual os valores estão paradoxalmente invertidos. O “desacato” deve ter sido à “autoridade”. E de autoridade este mundo está repleto. Realmente é muito cacique para pouco índio. Mas, quando querem invertem os valores e o errado fica certo e o certo fica errado.

Já há preposto da Prefeitura de Caruaru querendo dizer que a volta dos vereadores, aqueles sumariamente afastados pela caneta de um juiz monocrático, é mais grave do que a “derrubada” do relógio que tinha serventia pública. Pois é, doutor Emanuel Leite, meu ex-companheiro de ACACCIL – Academia Caruaruense de Cultura, Ciências e Letras – a vida nos prega peça e talvez por isto eu não quis continuar como pretenso “imortal”. O senhor para Caruaru é muito mais importante do que muitos daqueles que se arvoram do título de serem importantes. Outrora só os “fora da lei” agiam na surdina. Agora as derrubadas, ditas oficiais, são à noite, na penumbra, ao arrepio do sol.

O relógio pacientemente marcou os últimos 43 anos de Caruaru (1971 / 2014). Já que não substituíram o prefeito, o prefeito substituiu o relógio. Aliás, simplesmente, o derrubou. E dizem que implantará outros digitais e alguém irá ganhar com isto. Se o relógio ficou velho, muito mais velho está o prefeito em seus quatro mandatos. Doutor Leite, perdoe-me se eu não estava ao seu lado na hora que lhe acusaram de “desacato”. Mas, fique certo que o senhor já está absolvido no tribunal da minha consciência.

A tirania da força é momentânea e Caruaru já tem diversos exemplos disso, ainda que os tiranos não tenham sido varridos peremptoriamente dos poderes. Vamos em frente e novamente cantando para “ele” e para os dele: “Apesar de você, amanhã há de ser, um novo dia!”
*Severino Melo – smelo2006@gmail.com – para quem mandato não é emprego e política não é profissão.