Opinião – Duas Faces – por Rita de Cássia*

Mário Flávio - 24.11.2012 às 10:55h

Coluna publicada no Jornal Vanguarda

Em tempos de ‘‘apagão” no Nordeste, em que o preconceito contra o nordestino pelos primos “ricos” e “civilizados” do Sul e Sudeste são postados nas redes sociais, nos deparamos com um Nordeste diferente, em que os dois ‘‘Brasis” se encontram: um rico, que pode se desenvolver, e um pobre e eivado da velha política dos coronéis. Assim se encontram hoje as cidades vizinhas de Caruaru e Riacho das Almas.
Em Caruaru, o Orçamento de 2013 é digno de comemoração: quase 1 bilhão de reais para fazer a cidade crescer. Esse dinheiro todo está dividido entre diversas secretarias, departamentos e gabinetes, destacando-se a saúde, a gestão de serviços públicos e a Fazenda. Na saúde, o aumento é significativo com relação a 2012. Isso significa uma grande melhoria na qualidade de serviços para a população (é o que se espera). A educação não está no ranking dessas secretarias com maior orçamento, o que é lamentável, pois uma sociedade com boa educação diminui os gastos com saúde, segurança, trânsito, conservação do espaço urbano, entre outras economias (mas é um investimento de médio e longo prazo, o que desestimula maiores investimentos).

Caruaru é o exemplo do Nordeste que cresce, da terra de oportunidades que este canto do Brasil tem se tornado e talvez seja exatamente isso que incomoda os que taxam os nordestinos de burros, atrasados, pouco civilizados; hoje somos concorrentes na instalação de empresas, possuímos uma maior quantidade de mão de obra qualificada e nossa qualidade e quantidade de ensino vem melhorando. Mesmo a seca que estamos enfrentando não nos desestimula a continuarmos crescendo.

Riacho das Almas também é uma terra de oportunidades, mas que tem problemas históricos como em muitos cantos do Nordeste, pois o mesmo grupo político comandava a cidade há mais de duas décadas. As eleições de outubro acenam mudanças, que devem impulsionar o crescimento da cidade, que cada vez mais faz parte do Polo de Confecções. Entretanto, esta semana a velha política de coronéis deu as caras em Riacho quando a casa do povo perdeu este sentido. O presidente da Câmara de Vereadores teve a ‘‘brilhante” ideia de restringir o acesso da população às sessões no local, que são muito frequentadas, em um legítimo gesto de cidadania, por acreditar que muita gente atrapalha os trabalhos da casa. A desculpa era que isso só ocorreria no mês de dezembro, o que não impediria o processo democrático, como se a participação popular fosse causa de atrapalho.

Riacho e Caruaru são exemplos das cidades nordestinas. O que elas têm em comum? Uma população batalhadora, que deseja crescer e alguns políticos que tentam impedir este crescimento, já que o cidadão cobra e tem muita gente morrendo de medo de ser cobrada. Caruaru cresce e Riacho também, mas lá há políticos que hoje não sabem o sentido de crescer.

*Rita de Cássia é professora e advogada