Opinião – Educação e participação popular em Caruaru – por Roberto Peixoto*

Mário Flávio - 24.12.2012 às 08:55h

O Prefeito José Queiroz, reeleito recentemente tem pela frente o desafio de fazer o seu quarto mandato em uma cidade que em pleno século XXI, avançou bastante no seu desenvolvimento mas, ainda tem graves problemas a serem administrados como é o caso do nosso conflituoso trânsito que termina sendo também uma das causas da falta de mobilidade urbana em nosso município; a poluição do Rio Ipojuca, a tragédia que é a feira da sulanca no centro da cidade, entre outros.

Entretanto, dois indicadores me animam com relação ao novo governo Queiroz: a vitalidade do Prefeito na idade que tem com a sua vontade de fazer mais por Caruaru e a possibilidade de uma gestão moderna calcada na participação popular que é sem dúvidas a base de uma democracia participativa, cujo exemplo maior é a criação da Secretaria de Participação Social. Isso nos alegra porque sabemos que com participação cidadã há maior possibilidade de construção da governabilidade ampliada (não restrita às negociações com agentes tradicionais), pois contribui para formar opinião e aglutinar forças em torno de projetos de governo.

No contexto de um novo desenho de governo municipal que se anuncia e em especial, numa gestão com participação popular, o papel da educação é, sobretudo, um papel decisivo. Educação no sentido de um dos instrumentos de transformação cultural de que o Estado dispõe desde que não se confunda educação com escola, e esta como possibilidade única para o mercado de trabalho. Estamos falando de uma educação que extrapole os muros da escola, que se dê nas ruas, na esquina, da praça do debate público, voltada para a sociedade como um todo e não apenas para o mercado. Um congraçamento da educação escolar com a educação não formal como fundamento de uma cidade cuja responsabilidade com a educação seja de todos.

Como muitos educadores, eu tenho a alegria e a satisfação de ter a minha cidade mais quatro anos nas mãos de quem tem compromissos com a Frente Popular de Pernambuco e que precisa ver a educação como área que tem papel estratégico. Ao propagar um tempo novo na administração municipal destacando a implementação de um modelo embasado na participação popular o governo municipal espera que a sociedade participe, é assim que eu percebo.

Assim, gostaria de contribuir para o diálogo sobre o papel estratégico da educação de modo que a gestão da cidade expresse articulação entre educação, desenvolvimento econômico, sustentabilidade e cidadania. É preciso que extrapolemos a “pedagogia da mesmice” na busca de uma educação integral que articule as várias dimensões da sustentabilidade e os valores democráticos. Para isso é fundamental que tenhamos um olhar sistêmico em que a educação esteja integrada aos setores de cultura, Ciência, esportes e desenvolvimento social, articulando-se na cidade e incorporando educação não formal e informal.

Essas propostas necessariamente precisam no interior da escola estar em consonância com uma gestão democrática da educação na qual a eleição dos gestores escolares pela comunidade seja uma realidade, os Conselhos Escolares sejam livremente eleitos e tenham participação efetiva na gestão da escola, os alunos participem ativamente dos conselhos de Classe e dos Grêmios Livres, a educação do campo tenha sobre si um olhar administrativo e pedagógico diferenciado pela sua dimensão e peculiaridades; a formação continuada dos professores seja uma prática constante pela necessidade que representa na qualidade do ensino e um diálogo franco com as instituições representativas dos profissionais da educação.

No tocante ao envolvimento da sociedade com a educação é necessário que o poder público inove através de ações concretas porque as possibilidades de fazer educação com e para a comunidade são enormes. O que precisa são criatividade e decisão política. O novo gestor ou mesmo o gestor que por ventura continue, precisa ser mais ousado buscando a ampliação do fazer educativo para além das questões curriculares, procurando integrar o currículo ao contexto local.

*Roberto Peixoto é educador na cidade de Caruaru