Manchetes sobre queda na Taxa de Juros Selic tem sido cada vez mais constantes a cada reunião do Conselho de Política monetária – Copom. Junto com as manchetes e atas do Copom, surgem também questionamentos sobre os efeitos práticos de uma alteração na Taxa Selic.
Antes é fundamental entender o que significa essa taxa: o Copom determina a cada dois meses uma meta para a taxa do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia (Selic). Esta deve ser a taxa que o Banco Central cobra se precisar emprestar recursos a outras instituições financeiras.
Seguindo essa lógica espera-se que após uma redução na Taxa Selic as instituições financeiras vão diminuir também os juros cobrados na oferta de crédito. Contudo, no Brasil, não ocorre essa transmissão de forma automática. A concentração do mercado bancário em poucas instituições, além de outros fatores, tende a tornar as taxas de crédito no mercado em patamares elevados, mesmo com as quedas na taxa Selic. Recentemente o Banco Centrou público um estudo a respeito da concentração bancária e seus efeitos.
Ainda assim, a queda na taxa Selic trás importantes efeitos positivos na economia. Um dos efeitos será através dos investimentos. De forma resumida, a Selic é o indexador de rentabilidade dos principais títulos públicos ( Letra Financeira do Tesouro). Dessa forma, uma redução na Selic torna esses investimentos menos atrativos, incentivando os investidores a buscarem outros investimentos com maior rentabilidade. Uma alternativa são os investimentos em renda variável na Bolsa de Valores ou em fundos de investimentos. Esse fluxo financeiro torna-se capital disponível para empresas cotadas na Bolsa de Valores.
Outro efeito acontece a partir dos investimentos produtivos. Em geral, empresas elaboram projetos de investimentos (compra de equipamentos, funcionários, imóveis etc.), e a viabilidade desses projetos dependem das projeções de retorno sobre o investimento. Para avaliar o retorno dos investimentos utiliza-se o método de Valor Presente Líquido – VPL. Um indicador de viabilidade que tem como taxa de referência, em geral, a Selic. Logo, quando temos uma redução da taxa Selic os projetos de investimentos tendem a torna-se mais positivos, impulsionando investimentos produtivos e expandindo o ciclo econômico. Seguindo esta lógica, geração desemprego e demanda de bens devem aumentar estimulando o crescimento econômico.
Por fim, vale destacar que esse mecanismo (taxa de Juros Selic) não deve ser usado como uma ferramenta política a disposição dos governos para expandir a economia. A taxa Selic tem importante papel na política monetária de controle de inflação e necessita de fundamentos, ou seja, que as contas públicas estejam controladas, ou em trajetória de equilíbrio e um nível de inflação sobre controle.
Nos últimos governos, o Brasil presenciou um desenfreado uso da Selic para atender a anseios populistas e eleitorais, e a consequência foi uma recessão histórica.
