Cansei de ligar a tevê todos os dias e vê no noticiário, policial ou não, a violência que dilacera pessoas. Violência essa produzida por seres que se auto intitulam humanos (?). Mas, agem de forma mais cruel do que as praticadas por animais, estes que em quase sua totalidade não tem o discernimento que possuímos. Ou, que pelo menos pensamos ter. Esta introdução, claro, diz respeito às mortes do torcedor atingido por um vaso sanitário e a mulher que, confundida com uma sequestradora de crianças foi espancada por várias pessoas no Guarujá.
O que aconteceu com o torcedor e ganhou as páginas impressas e digitais dos maiores jornais e revistas do mundo em véspera de uma Copa do Mundo não é um caso isolado e muito menos, e infelizmente, será o último que veremos. Porém, devido os “olhos do mundo” estarem voltados para o Brasil e ter acontecido em um estádio, mesmo que do lado de fora, e em uma das cidades-sede, ecoou com tamanha força.
O mesmo se pode dizer sobre o espancamento de Fabiane Maria da Silva. Crime que ganhou repercussão nacional não pelo fato da Copa, mas pela onda de fazer justiça com as próprias mãos que está tomando conta do País e tem espaço garantido na programação das tevês. Inclusive, com apoio de alguns jornalistas que acham que a única forma de colocar ordem na casa, que no caso é o Brasil, é espancando e amarrando a postes ou matando mesmo. Vide Rachel Sheherazade.
Contudo, independente das razões que fizeram os fatos tomarem a proporção que tomaram, o que preocupa mesmo é a forma como aconteceram. Imagine você ir a um jogo de futebol e ao final da partida sem motivo aparente, e mesmo que tivesse não justificava, jogar de uma altura de não sei quantos metros uma latrina na cabeça de alguém. Depois, compartilhar e comemorar com amigos em redes sociais como se aquilo fosse um ato de heroísmo e coragem. E as imagens do Guarujá: dezenas de pessoas, inclusive crianças, arrastando e espancando pela rua uma mulher indefesa diante de mais outra dezena simplesmente filmando com seus celulares, como se fosse algo tão normal como filmar as travessuras de um criança, por exemplo.
Bom. Ou algo de muito estranho está acontecendo com o mundo ou tudo não passa de uma alucinação, um pesadelo que tive na noite passada e ainda não sei dei conta depois que acordei. Mas, por via das dúvidas coloquei uma placa na rua aqui em frente de casa: PERIGO: HUMANOS POR TODOS OS LADOS!
*Carlos Alexandre é servidor público e blogueiro