Na histórica sessão da Câmara Municipal de Caruaru, que votou o aumento de subsídios para o Poder Executivo e Legislativo do Município, estiveram presentes a imprensa escrita, falada e televisada, além de vereadores eleitos em 2012, estes grandes interessados nos aumentos de ganho, e também, pessoas do povo lotando as galerias improvisadas da ACACCIL (Academia Caruaruense de Cultura, Ciências e Letras) e entre elas, estudantes em pleno protesto pela exorbitância dos aumentos votados e aprovados.
Foi aberta a sessão às 20:45, com número legal de edis presentes e em seguida feita a leitura do Salmo. Foi avisado pelo Presidente que a diplomação dos vereadores eleitos acontecerá no dia 18 de dezembro e que a posse ocorrerá no dia primeiro de janeiro.
Um belo projeto foi apresentado, pela Mesa Diretora, propondo o congelamento de todos os salários, ou seja, o Nobre Prefeito de Caruaru, continuaria sendo sustentado pelos munícipes nos seus 16 mil reais; seu Vice continuaria recebendo (rigorosamente em dia) os seus 8 mil reais; os Secretários Municipais e os Senhores Vereadores fariam jus aos 9 mil reais que já vinham auferindo. Mas, para isso ser aprovado, precisaria o povo de Caruaru duma Câmara Municipal muito mais republicana e os 15 eleitos de 2008, jamais demonstraram tal perfil, muito pelo contrário, sempre ficaram a reboque do Poder Executivo Municipal, este sempre com maioria na Casa Legislativa. Queira Deus que os 13 novos que entram sejam, pelo menos, um pouco mais independentes.
Mas, existia uma emenda modificativa, que transmutava os valores para 25 mil do Prefeito; 12 mil e quinhentos para o Vice e 11 mil para os Secretários Municipais. Aprovada por 10 votos favoráveis e 5 votos contra. Passou no pau do canto, com os dois terços mínimos.
O outro projeto aprovado foi o do aumento dos Vereadores. O problema anterior é que o Presidente da Câmara ganhava mais do que o Prefeito Municipal. Enquanto o Prefeito ganhava 16 mil, o Presidente da Câmara ganhava 9 mil, mais 9 mil de representação pelo cargo de Presidente, deixando o Prefeito em 2 mil reais de desvantagem. Em vez de baixarem a representação do Presidente da Câmara de seus 100%, preferiram mantê-lo agora com 24 mil e elevaram o do Prefeito para 25. Vereador comum: 12 mil. Vereador Presidente da Casa: 24 mil. E haja briga para eleger o próximo.
Para terminar de revoltar os representantes do povo presente, houve uma emenda aditiva para criar o Décimo Terceiro mês dos Vereadores e também, o Décimo Terceiro mês para o Prefeito, o seu Vice e os seus Secretários. Por um voto apenas não foi aprovado o Décimo Terceiro para o Prefeito, para o seu Vice e para os seus Secretários. E, pelo placar de 12 X 3, foi aprovado o Décimo Terceiro dos Vereadores.
A lambança dos aumentos estaria concluída após o encerramento da sessão, não fosse o destempero do Vereador Leonardo Chaves, decano da casa. Vitorioso na votação dos aumentos, para a qual pediu Regime de Urgência, desceu do alto de sua imunidade parlamentar para trocar tapas, chutes, socos e ponta pés, com os estudantes que protestavam em frente ao prédio da ACACCIL, em plena rua 15 de novembro, no passeio que dizem ser do público. Faltou decoro ao parlamentar. O incitaram para a briga e ele aceitou o desafio. Bateu e apanhou. Perdeu toda e qualquer condição de ser o futuro Presidente da Casa Jornalista José Carlos Florêncio, por falta de compostura. Aquele que deveria defender o povo, defendeu, inicialmente, o aumento de seus ganhos e depois atacou os estudantes como se fosse um competidor de luta livre. Enfim, foi chamada a Polícia. Foi dada proteção para que o “nobre” Vereador saísse sob escolta e dois pobres estudantes fossem encaminhados à Delegacia de Polícia.
Se mais me perguntarem: “eu não sei, só sei que foi assim”.
*Severino Melo – Eleitor decepcionado de Caruaru. Membro da Academia Caruaruense de Cultura, Ciências e Letras, que infelizmente sediou tão nefasta sessão ordinária do Poder Legislativo Municipal. Artesão deste texto. Ex-Candidato a vice-prefeito de Caruaru pelo PSOL, neste 2012. Para quem mandato não é emprego e política não é profissão.