Neste 10 de fevereiro o Partido dos Trabalhadores completa 33 anos de fundação. Na semana passada recordei sua origem nos anos 80 como sendo consequência da ânsia de minorias exploradas (estudantes, operários, índios, negros, mulheres, …) que não se sentiam representadas pelos governantes. Segmentos sociais e personalidades influentes, artistas e intelectuais, lideranças comunitárias, sindicais e eclesiásticas, acumulando força para legalizar um novo partido onde o projeto de nação era prioridade. O partido (da classe trabalhadora) chega ao poder mas não o detêm, pois para tanto são construídas alianças com forças conservadoras, com implementação de táticas e estratégias antes combatidas.
Após mais de 30 anos com legado de gestões destacadas em prefeituras e estados, e uma década na presidência, com conquistas importantes no campo social, acumula questões pontuais inquietantes: o que teria de fato acontecido no evento envolvendo assassinato do prefeito petista de Santo André? Os escândalos envolvendo petistas não acabam nivelando por baixo a legenda?
Juntemos isso às decisões impostas pelas direções por conveniências pessoais ou meramente eleitoreiras, o PED (Processo de Eleições Diretas) que a cada período reproduz os vícios de um pleito comum expondo o partido na mídia com mais denúncias de compra de votos, campanhas com gastos exorbitantes, mobilizando dezenas de milhares de filiados para eleger os já “escolhidos”.
Por último, a democracia interna, que dava força e voz aos diretorianos, transformou-se em palco para cenas de inquisição e expulsões injustiças, onde o Estatuto é lido e compreendido a partir da conveniência do grupo que está no poder. Isso, em todas as instâncias, quando não o interessa é negligenciado.
Chamam isso de modernidade. Novos tempos.
Até entendo que o “novo sempre vem”, mas o descompasso entre princípios que inspiraram o surgimento do partido e a situação em que ele se encontra agora precisava ser tão grande? Em Pernambuco a discussão de QUEM era melhor para o partido (João Paulo ou Humberto) não abriu espaço para discussão do surgimento de outras estrelas ou do QUE era essencial, desembocou em derrota política e eleitoral.
Em Caruaru o partido tem avanços e recuos a contabilizar. Compõe o governo com petistas ocupando cargos estratégicos, gerando avanços importantes, mas como na maioria dos municípios, não ergue a bandeira em manifestos da classe que o originou, evita se expor em greves e atos públicos, continua sem sede própria ou alugada, e, em várias situações, atuando apenas como correia de transmissão da gestão.
Não dá para adivinhar o futuro do PT. Mas enquanto políticos profissionais tiverem mais relevância que dirigentes militantes, parlamentares com mandatos acumularem riqueza desproporcional com o que ganham, o projeto eleitoral substituir o projeto de país, o que há de vir conduzirá a legenda a viver só de lembrança, de contar histórias dos heroicos companheiros e companheiras que suaram ou tombaram em luta pelo partido e ficaram na memória.
Aos petistas que caminham de acordo com as transformações naturais de cada época e buscam viver com ética e dignidade meus parabéns, os demais, deviam se envergonhar do que fazem e parar de vender ilusões a quem neles ainda acreditam.
E O PMDB, HEIN?…
Deu na Rede Brasil Atual: “Desde o início da ‘Era PT’ no governo federal, há uma década, o PMDB nunca esteve tão forte. Com as vitórias de Renan Calheiros para a presidência do Senado e de Henrique Eduardo Alves para a Câmara, o partido comanda desde o dia 4 as duas casas do Congresso Nacional, posição que o consolida como o mais musculoso aliado de Dilma Rousseff e do PT no plano institucional, seja para garantir a governabilidade nos próximos dois anos ou para montar novamente um arco de apoios que permita a reeleição da presidenta em 2014. Estratégia agora, dizem deputados, é retomar equilíbrio de forças e estancar a disputa política que se abre entre aliados, principalmente no PSB e em setores do PDT.” Vice – Eduardo (PSB) ou Michel Temer (PMDB)?
REENCONTRO – Estive esta semana na Ocupação Che Guevara, no Alto do Moura, visitando algumas famílias do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto). Na oportunidade reencontrei com o Reverendo Marcos Cosmos, liderança estadual e nacional do movimento que estava na ocupação junto com a coordenação local e estadual para realizar uma assembleia ordinária com as famílias que serão contempladas em breve no projeto de Moradia do movimento.
TÁ NA BÍBLIA…
“Melhor é ser humilde de espírito com os mansos, do que repartir o despojo com os soberbos.” Provérbios 16:19
*Paulo Nailson é dirigente político com atuação em movimentos sociais, Cursa Serviço Social. Membro da Articulação Agreste do Fórum de Reforma Urbana (FERU-PE) e Articulador Social do MTST. Edita a publicação cristã Presentia. Foi dirigente no PT municipal por mais de 10 anos.