É fácil entender que quem sempre defendeu um certo viés político, especialmente num nível quase religioso, tem muita dificuldade em admitir que estava errado ou que algum de seus ídolos cometa alguma falha. Isso é bem comum em indivíduos radicais, quer sejam de direita, quer de esquerda.

Todo o mundo (o planeta mesmo) já sabe das inúmeras atrocidades cometidas contra a democracia na recente eleição na Venezuela. Nicolás Maduro, ditador que merece o ostracismo histórico, depois de sofrer muito em vida, foi declarado reeleito apesar de todos os indícios em contrário.

Simplesmente não é possível que alguém ache normal, democrático, “natural” o que aconteceu neste domingo no país vizinho. Urnas (e opositores) foram sequestradas, seções eleitorais atacadas, boletins de urna (impressos) e votos (também impressos) destruídos. Uma barbárie!

A Nota que o PT publicou sobre este evento infame, tratando-o como democrático, soberano e (pode rir) PACÍFICO é ridícula! Ou demonstra uma dissociação cognitiva no nível de Biden, ou escancara a hipocrisia característica da esquerda, que teima em negar a realidade, não importando quão explícita ela seja.

A nota causou revolta em algumas vertentes do próprio partido, mas não porque entendem que Maduro errou, mas porque sabem que esse apoio pega mal: a opinião pública tá caindo em peso.

A nota SURREAL de apoio à eleição de Maduro só encontrou rival à altura no tardio (e absurdo) comentário de Lula, companheiro do facínora venezuelano. A diplomacia do Brasil morreu.

Mas isso era de se esperar, né, de alguém que acha que “a democracia é relativa” e que “Maduro só precisa construir a narrativa certa”. Não esperava nada diferente disso.

É por essas e outras que ratifico a minha (o)posição política em relação ao PT e a seus líderes: atenuar o que ocorreu domingo já seria imensamente grave… apoiar, então, é deprimente.

*João Antonio é professor é Presidente do NOVO em Caruaru