
Na chegada do final de ano, especialmente para nós, professores de escolas de Reforço Pedagógico, o stress e a tensão se elevam a níveis mais assustadores devido à confirmação de que alguns de nossos alunos ficaram “para a Final”. Esta tensão é, claro, compartilhada com os pais que, salvo raríssimas exceções, morrem de medo de que seus filhos sejam reprovados e tenham que enfrentar o ano letivo novamente, “atrasando” um ano em suas vidas escolares.
Sinceramente, há preocupações muito maiores que a reprovação… preocupações que, inclusive, podem ser solucionadas justamente pela reprovação. Tomo como exemplo alguns alunos que acompanhei ao longo deste ano de 2024. Certas “criaturinhas” passaram o ano inteiro brincando, levando a escola “na flauta”, despreocupadamente, típico de quase toda criança/adolescente, mas com uma dose maior de displicência.
A reprovação, como última e derradeira resposta do sistema educacional de quem somos reféns, traz uma esperança: a de que o aluno brincalhão e irresponsável, movido por um sentimento de extrema vergonha pelo fracasso retumbante, mude a direção de sua vida e se torne, a partir deste momento, um aluno (e um ser humano) melhor!
A reprovação é, em última análise, a humilhação necessária para retirar o mimado e irresponsável aluno de sua zona de conforto, aplicando-lhe uma boa dose de “vida real” necessária para que ele próprio (ou ela) “acorde para Jesus” e entenda que nem tudo é como nos doramas e animes…
Para o aluno esforçado, a aprovação é o merecido prêmio! Para o aluno relapso e negligente, a reprovação pode vir a ser o amargo, mas necessário, remédio. Deixe seu filho reprovar, se ele merecer… Vai fazer muito mais bem do que se você lutar para que ele passe de ano! Fazê-lo passar pode evitar “perder um ano”… mas fazê-lo reprovar pode evitar “perder uma vida inteira”.
*João Antonio é professor há mais de 30 anos.