Opinião – Ser ou não ser abstêmio: eis a questão! – por Severino Melo*

Mário Flávio - 24.12.2012 às 14:55h

Para mim está resolvida a questão da direção de veículos automotores e utilização de bebida alcoólica concomitantemente.

Foi surpresa quando descobri que o autor de “O Ébrio”, o saudoso tenor, Vicente Celestino, era abstêmio e conseguiu produzir uma música e um filme que arrancaram risos, choros e aplausos, a um alcoolista que tão bem soube representar, ainda que sem a vivência empírica, no dia a dia, dos trejeitos daqueles que fazem uso de certos compostos orgânicos derivados do etano, que apelidam de etanol, ou vulgarmente, álcool etílico.

Mas, enfim, o que é alcoolismo? Nada mais do que, o vício de ingerir bebidas alcoólicas e, consequentemente, a intoxicação decorrente desse vício. O álcool, por sua vez, é um líquido incolor, volátil, com cheiro e sabor típicos, obtido por fermentação de substâncias açucaradas ou amiláceas, ou ainda, por processos sintéticos, enfim, pode-se dizer, que é toda e ou qualquer bebida espirituosa. Apesar, do termo alcoólatra ter sido substituído por alcoolista, ainda assim, ele identifica, aquele que se entrega à prática quotidiana do uso do álcool. Portanto, alcoolizado é todo aquele que se encontra bêbedo (bêbado) ou embriagado, sendo variável o limite da tolerância orgânica.

O Estado Brasileiro ao tempo que é um bom cobrador identifica-se, também, como um péssimo pagador. Estradas em péssimo estado de conservação, apesar dos altos impostos recolhidos para a conservação, sem contar com os inúmeros pedágios já criados e a criarem-se; A fiscalização é capenga e cair numa blitz da “Lei Seca” é uma questão aleatória de “sorte ou de azar”, ou como queiram, de coincidência benéfica ou maléfica, pois na escolha por amostragem passam muitos embriagados; A lei seca em vez de carrear os recursos arrecadados para a rede hospitalar e para a melhoria do próprio trânsito, talvez, sirva, tal montante, apenas para pagar o imposto de renda dos senadores, que sobre os seus décimo quarto e décimo quinto salários, quis o Senado Federal não recolher na fonte, havendo de quitá-lo, em seu total, junto à Receita Federal do Brasil, com o dinheiro do povo; Ao que parece, muito pior do que haver ingerido pequena dosagem de álcool e dirigir, é jogar na estrada um veículo sem freio, com pneus “carecas” e outras irregularidades, para as quais hodiernamente estão “fechando os olhos”; Até o porte de arma, ficou irrelevante diante da avidez, na busca de motoristas que hajam ingerido, agora, qualquer quantidade de álcool.

A, já, famigerada “Lei Seca” deveria ser muito mais abrangente. O uso inveterado do álcool não só mata no trânsito. Mas, todos os dias, em todas as camadas sociais. A arrecadação do imposto recolhido com a venda das bebidas alcoólicas não compensa o malefício trazido pelo alto consumo. “Querem tapar o sol com uma peneira”. Bebidas alcoólicas e cigarro ainda são grandes fontes de renda para o Governo Federal, por conseguinte, continuarão sendo toleradas ainda que sejam drogas, que já há muito apelidaram de socialmente aceitas.

Decretei, irrevogavelmente, que doravante sou abstêmio. E desejo, ardentemente, que fechem todas as fábricas de bebidas alcoólicas do Brasil. Que a arrecadação com o imposto das mais variadas bebidas alcoólicas seja zero. E caso isso venha a ocorrer, certamente, não atenderei aos apelos do governo, quando disser, volte a beber, nós aumentamos o índice de álcool que seu sangue pode conter ao dirigir. Pois, se é conveniente ao governo querer arrecadar, aos abstêmios sobra aquela “musiquinha” de fim de ano: “Adeus ano velho, feliz ano novo, que tudo se realize no ano que vai nascer, muito dinheiro no bolso e saúde pra dar e vender”.

Severino Melo – Escritor / Advogado – artesão deste texto. severinomeloescreve@gmail.com – fone 99727818.