O comitê de política monetária do Banco Central, o Copom, reduz novamente a taxa básica de juros Selic. Após o corte de meio ponto percentual para 6% ao ano no final de julho, o Copom reduziu às 18h00 a taxa de juros Selic para para 5,5% ao ano – atingindo nova mínima histórica.
O resultado já era esperado pelo mercado. No relatório FOCUS divulgado pelo Banco Central ainda esta semana indicava essa redução d e 0,50 pontos percentuais.
Esse cenário de juros básico trás novamente os holofotes para as políticas econômicas – ditas neoliberais – implementadas ainda no governo Temer. Especificamente o teto dos gastos. E no governo Bolsonaro, a parcial aprovação da reforma da previdência. Em sintase, essas políticas ainda não trouxeram superávits primários mas reverteram a trajetória de déficits fiscais e a limitação de endividamento do Tesouro Nacional.
Os déficits fiscais contínuos tornam necessário o endividamento do Tesouro via operações e política monetário do Banco Central. Causando inflação e distorções na economia. Além das restrições no orçamento, a forte institucionalização e autonomia do Banco Central estabeleceram novos parâmetros de política monetária, impedindo políticas populistas via interferência do governo federal.
O resultado foi uma redução histórica da inflação, medida pelo IPCA, e divulgada também no relatório Focus/BC, em 3,43%. E apesar de um ambiente externo conturbado com guerra comercial China x EUA, e outros, o câmbio também apresenta um comportamento relativamente estável em R$ 3,90 frente ao dólar, em grande parte devido ao nível e reservas financeiras do Banco Central.
Políticas de sustentabilidade fiscal, ou melhor, “neoliberais”, são pouco perceptíveis e com resultados tardios. Por isso é importante lembrar do difícil processo e debate para sua execução, e mais ainda, saudar os resultados. Afinal, muitos dos que defendem políticas liberais são acusados de rentismo (prática de defender juros altos). A história nos mostra o contrário.
*Pedro Neves é economista