Opinião – Uma parcial do Brasil na totalidade – por Alberes Silva*

Mário Flávio - 15.10.2019 às 07:53h

No dia 1º. De Maio de 2018, aqui neste blog, escrevi um texto como seguinte titulo “PT,PSDB E BOLSONARO, UM DESSERVIÇO PARA O BRASIL” onde tratava que um dos motivos da instabilidade social, política e econômica se dava muito mais  por fatores internos,devido a uma polarização tosca criada em 2014 com a não “aceitação” do PSDB a outra derrota para o PT e encabeçou uma política de inviabilidade de governo da então presidente Dilma Roussef.

”Fica muito claro, principalmente com a Lava Jato e com os setores da grande mídia, que o PT não pode mais ficar com o cargo maior da política brasileira, uma volta do Partido dos Trabalhadores à presidência continuará alimentando esse sentimento fanático da classe média em não dar espaço para mesmo que, minimamente, avanços sociais sejam colocados para a classe trabalhadora. Uma volta do PSDB não seria diferente, a pseudo-esquerdabrasileira juntamente com alguns movimentos sociais e sindicatos estabeleceriam uma agenda que não seria do agrado da classe média e continuaria a polarização “ridícula-ideológica” que não contribuiria em nada para amenizar os grandes problemas sociais que temos e que foram aprofundados nos últimos anos. Já o Bolsonaro, que é o produto da polaridade PT/PSDB é o cenário mais catastrófico para o Brasil, além de não ter consideravelmente apoio político e nem popular, ele é um político que reúne as piores características que um candidato poderia ter, Bolsonaro é a farsa que parte dos eleitores brasileiros acolheram como solução. maio/218.

A vitória de Jair Bolsonaro intensificou e potencializou a polarização tosca, a extrema direita conseguiu fazer em poucos meses o que a direita convencional não fez em pouco mais de uma década, vencer o PT. A dimensão negativa dessa vitória da extrema direita é evidenciadacada vez mais com a forma de discurso que se é utilizado para defender as ações desse governo, o espirito de torcedor se sobrepõe ao espirito do ser político, não há espaço para debates propositivos e autocritica, as agressões e o espontaneísmo inspirado no senso comum tomam conta do debate.

Estamos perdendo a capacidade de analisar conjunturalmente a política brasileira, analisar a conjuntura é fazer um retrato dinâmico de uma realidade e não uma simples descrição de fatos ocorridos em um determinado local e período, que erradamente ganhou o nome de narrativa, ela deve ir além das aparências e buscar a essência do real. 

Estamos preocupados muito mais em apontar ações isoladas como sendo soluções gerais, estamos preocupados ou até viciados em buscar notícias sem o mínimo de critério de autenticidade simplesmente porque aquela notícia “me convém”, estamos perdendo a dimensão conjuntural, um governo não pode e não deve ser analisado por ações isoladas, é necessário um olhar amplo, o desafio de qualquer análise de conjuntura é compreender as inter-relações das partes que formam o todo, pois a totalidade é um conjunto de múltiplas determinações.

A perca de um olhar em conjuntura nos leva para o abismo da banalidade, e dessa forma estamos muito próximos de tornarmos seres caricatos onde as opiniões não passam nenhuma credibilidade, me parece que ainda não entramos no período iluminista, não chegamos ainda na era da razão, da racionalidade. Isso implica diretamente em quem somos hoje e no que podemos nos tornar a algumas décadas.

Portanto, o Brasil em totalidade pode ser entendido a partir desta analise em parcial.

*Alberes Silva é professor