
Uma recente pesquisa realizada pela Genial/Quaest, com agentes do mercado financeiro, revela uma alta significativa na reprovação do governo Lula, que saltou de 64% para 90% em comparação com o levantamento realizado em março deste ano. Este número elevado de desaprovação reflete a reação negativa do mercado ao pacote fiscal anunciado por Fernando Haddad, Ministro da Fazenda, na semana passada. Esse resultado é o mesmo observado no início do governo, em março de 2023, o que demonstra uma continuidade da insatisfação entre os investidores e analistas do setor.
A desconfiança no Arcabouço Fiscal
A pesquisa evidencia que o mercado financeiro tem sérias reservas em relação ao arcabouço fiscal proposto pelo governo. Para os agentes financeiros, o pacote fiscal apresenta pouca (42%) ou nenhuma (58%) credibilidade. Esse índice elevado de desconfiança mostra uma forte resistência ao modelo fiscal apresentado, com a maioria dos profissionais acreditando que a regra de gastos proposta não tem sustentabilidade a longo prazo.
A principal preocupação do mercado é com a durabilidade da regra de gastos estabelecida pelo novo arcabouço fiscal. Para 37% dos entrevistados, essa regra se sustenta apenas até 2025, enquanto 34% acreditam que ela será válida até 2026. Após esses períodos, a expectativa é de que o modelo se torne insustentável, o que reflete a visão predominante de que a proposta não é sólida o suficiente para garantir a estabilidade fiscal do Brasil no longo prazo.
O Pente Fino no Cumprimento da Regra de Gastos
Apesar da forte desconfiança em relação à viabilidade da regra de gastos, 88% dos entrevistados acreditam que as medidas de “pente fino” propostas pela Fazenda até o momento são majoritariamente favoráveis ao cumprimento dessa regra. Embora a maior parte das medidas anunciadas pelo Ministro Haddad seja vista como benéfica para a economia brasileira, a avaliação do mercado é que o arcabouço fiscal, em sua totalidade, não será capaz de se sustentar. Essa percepção de que as medidas podem até ajudar a economia no curto prazo, mas não garantem um modelo fiscal sólido para o futuro, é um reflexo da instabilidade que paira sobre o cenário fiscal atual.
A Exceção: Isenção de Imposto de Renda
Um dos pontos mais controversos do pacote fiscal anunciado por Haddad é a proposta de isenção do Imposto de Renda para aqueles que ganham até 5 mil reais. Surpreendentemente, 85% dos agentes do mercado financeiro acreditam que essa medida, em vez de ajudar a economia, pode prejudicar a trajetória fiscal do país. A maior parte dos entrevistados vê a isenção como uma medida populista e preocupante, que pode gerar distorções no sistema tributário e aumentar as pressões fiscais sobre o governo.
O Desafio de Sustentar a Confiança do Mercado
Em um cenário de crescente desconfiança, a pesquisa Genial/Quaest expõe um cenário desafiador para o governo Lula e o Ministro Fernando Haddad. A alta reprovação do governo, especialmente no âmbito do mercado financeiro, aponta para a necessidade urgente de ajustes e reformas fiscais que restauram a confiança dos investidores e analistas. O pacote fiscal, embora contendo medidas favoráveis ao cumprimento da regra de gastos no curto prazo, não parece ser suficiente para garantir a sustentabilidade fiscal do país a longo prazo. Diante disso, o governo terá que trabalhar para superar a desconfiança do mercado e apresentar soluções mais robustas para a economia brasileira.