Pré-candidato do PSOL em Olinda acusa o próprio Partido de racismo e desprezo aos pobres

Mário Flávio - 30.07.2020 às 07:38h

Do Olinda Hoje


Mais um capítulo da briga interna do PSOL-Olinda, no período que antecede a convenção partidária para definir candidatos a vereador e se o partido lança ou não candidatura própria à Prefeitura de Olinda. Desde junho do ano passado, o músico Júnior Lenine, da tendência Trabalhadores na Luta Socialista (TLS), se apresenta como pré-candidato e logo desmentido pelo diretório municipal da legenda.

Ontem (23), depois que o OLINDA HOJE publicou o perfil do psolista (está apresentando todos os pré-candidatos aos leitores), a direção municipal da legenda distribuiu nota analisando o cenário político na cidade e, no final, informava que “não há, até o presente momento, qualquer pré-candidatura majoritária do partido nas eleições 2020″ e que “manifestações pessoais não refletem ou representam deliberações partidárias”.

Hoje (24), Júnior Lenine volta a ressaltar a sua pré-candidatura e faz duras críticas à direção municipal do PSOL-Olinda. “É triste ver um jovem negro, da periferia, de religião de matriz africana (Candomblé) sendo humilhado publicamente por uma direção municipal. Direção esta, que além de representar uma classe média cheia de privilégios, obedece o que há de pior na tradição ‘politiqueira’, o domínio familiar”.

Segundo o pré-candidato, o documento publicizado ontem, foi “uma resolução carregada de preconceito contra a atuação política de um filiado” e “desconsidera a minha postulação, numa atitude explícita de desprezo, o que beira o racismo e aversão ao povo pobre”. Ele lembra que desde o ano passado vários militantes vêm trabalhando o seu nome para disputar a Prefeitura de Olinda e, na condição de filiado, tem o direito democrático de pleitear qualquer cargo político até o dia da convenção partidária.

“A resolução avalia duas pré-candidaturas como representantes do campo de esquerda e desconsidera a nossa. Com qual objetivo? O que levou a elite dirigente e antidemocrática do PSOL-Olinda a considerar a pré-candidatura do PSB, que tem como pré-candidato o coordenador da campanha derrotada de Antônio Campos e que foi vice-prefeito do PSDB, em Ipojuca?”, questiona Lenine. “Com certeza, os objetivos não são partidários, muito menos o amor a Olinda. Pelo contrário: são objetivos mesquinhos, pessoais e familiares”, denuncia.

Lenine ressalta que o eleitorado olindense merece ter uma candidatura verdadeiramente de esquerda, “que defenda as comunidades, as favelas, o povo preto e pobre, os povos de terreiro, os menos favorecidos” e olindenses como ele, que sentem na pele o abandono da cidade e a falta de crescimento. “Interesses medíocres não podem cassar a oportunidade do povo votar numa alternativa de esquerda”, conclui.