Por Ana Rebeca Passos
Por mais que surgisse um fato novo todos os dias, nada foi comparado ainda na história do município de Caruaru, Agreste, com o dia 18 de dezembro de 2013. A prisão de dez vereadores viria a desestruturar o mundo da política na cidade e movimentar os bastidores do Legislativo e Executivo Municipal. O que mudou na história de Caruaru com a Operação Ponto Final?
Para o analista político e professor Marco Aurélio, o fato fez com quem os olhares se voltassem para Caruaru de forma negativa. “A situação política da cidade fora completamente modificada, todavia, os desdobramentos disso, ainda não estão todos nítidos. A relação do executivo com o legislativo, não será mais a mesma até o fim do mandato do atual prefeito e pode-se especular que é passível de contaminar legislaturas vindouras. O clima político azedou, relações de confiança foram quebradas, não só entre os políticos, mas também do povo para com eles. Restou um clima de desconsolo com a política local”, explicou.
Para os caruaruenses, esse foi o dia mais negro na história da cidade. A bela Capital do Forró, cidade culturalmente conhecida, passa a ser manchete de corrupção na imprensa, e ainda está longe de ter um fim, afirmou o analista. “Porém, como estamos no Brasil, alguns apostam na possibilidade do esquecimento geral e irrestrito, mas até isso não está fácil, haja vista, a operação se desenrolar num interminável vai-e-vem judicial, próprio dos casos complexos. Com isso, o clima geral na cidade passou a ser o da desconfiança, do medo ou pelo menos do receio, ao se atender a um telefonema, seja de estranhos ou não. Como foram mais de 700 horas de escuta (segundo a polícia), por óbvio, muita gente fora escutada sem a menor ciência de que estava participando de uma conversa em grupo por assim dizer. O que é absolutamente normal, diga-se, nesse tipo de operação. Mais o que antes era algo próprio de alguém muito reservado, hoje é praticamente uma regra e nisso os caruaruenses passaram a lembrar a frase de Tancredo Neves: “Telefone serve no máximo para marcar encontro, de preferência no lugar errado””, disse o analista.
Por outro lado, vale lembrar que o fato ocorrido há um ano, completados hoje (18), não respingaram nas eleições gerais de 2014. Contudo, a gestão do atual prefeito de Caruaru, José Queiroz, deve sofrer mais danos nas eleições de 2016.