“Ainda não tive aulas em 2014”. Essa frase postada por uma estudante numa rede social revela uma crise que parece não ter fim na rede municipal de ensino de Caruaru. Há 60 dias que os professores entraram em greve e o impasse só aumenta, já que ambas as partes não cedem. De um lado os professores reclamam de prejuízos nos salários, falta de estrutura nas salas de aulas e o PCC da categoria, motivo de embate entre prefeitura e docentes desde o dia 31 de janeiro de 2013.
Do outro a prefeitura afirma que já paga acima do piso e por isso não pode conceder o reajuste de 8,32% determinado pela Lei do Piso, situação que é ilegal na opinião dos docentes e do MEC. Após mais uma assembleia realizada na manhã de ontem, ficou decidido que a greve será mantida por mais 30 dias.
O corte no ponto dos salários do último mês foi mais um fator que aumentou a crise, que na opinião do presidente do Sindicato dos Servidores Municipais de Caruaru (Sismuc), Eduardo Mendonça, não é resolvida por falta de vontade da prefeitura.
“Tivemos mais uma reunião junto ao Ministério Público para que a situação fosse resolvida, mas não adiantou de nada. O secretário não tem autonomia para deliberar. A greve não acabou por que a prefeitura não demonstrou até agora interesse em resolver o problema. Tem sido conveniente ao poder público municipal justificar a falta de professor, de merenda escolar, de material didático e de estrutura nas escolas com a greve dos professores, ou a greve tem servido como cortina de fumaça para estas situações”, disse Mendonça.
O sindicalista explicou ainda que vai ingressar com um mandado de segurança junto ao Tribunal de Justiça para que os salários dos docentes não sejam mais uma vez cortados. “A promotora Silvia Amélia nos garantiu que vai fazer uma recomendação para que a prefeitura pague os salários dos meses de março e abril. A promotora informou ainda que vai comunicar a prefeitura sobre a recomendação”, disse.
Por meio de nota a prefeitura de Caruaru informou que está com a mesa de negociação aberta, desde que os docentes retornem às suas atividades, já que a greve foi considerada ilegal pelo Tribunal de Justiça de Pernambuco, que todas as escolas estão funcionando parcialmente e onde as aulas não estiverem acontecendo, as mesmas serão repostas e que vai seguir cortando o ponto dos faltosos. A próxima assembleia da categoria será na quarta-feira (30), a partir de 9h na sede da União Beneficente. A foto é da Átona/Mídia.