“Provas” de Fraude? – por João Antônio*

Mário Flávio - 30.07.2021 às 18:21h

O Presidente Jair Bolsonaro NÃO PROVOU que as Urnas Eletrônicas foram fraudadas. Não importa o que você diga ou pense. Não importa se você o ama ou o despreza. Sério? Alguém realmente acreditava que Bolsonaro tinha provas para apresentar? Alguém ainda engole essa conversa? Para mim, não teve surpresa alguma ele não ter provado fraudes nas urnas… NENHUMA SURPRESA.

Simplesmente porque NÃO TEM COMO PROVAR que a Urna Eletrônica é fraudável, exatamente pelo mesmo motivo que leva a NÃO TER COMO PROVAR que a Urna Eletrônica não é fraudável…

A urna eletrônica é uma caixa-preta inviolável. “Olha, João! Você falou INVIOLÁVEL! Isso já é prova da segurança da Urna!” Não, não é! A Urna não pode ser auditada! É impossível para “qualquer mero mortal” analisar 100% a urna eletrônica. É impossível saber se há algo errado com ela. A própria Justiça Eleitoral não deixa.

Os tais “testes públicos” que acontecem quase sempre nos anos que antecedem as eleições NÃO PERMITEM que os analistas ANALISEM TUDO. Sob pretextos como “segurança do sistema” ou sei-lá-o-que, as autoridades responsáveis pelos testes limitam o escopo de análise dos convidados: ou seja, é como deixar a Vigilância Sanitária “avaliar” seu restaurante sem permitir que ela visite certas portas trancadas na cozinha.

Só quem tem o direito (e a capacidade) de conhecer toda a estrutura física e lógica (hardware e software) da urna são os técnicos das empresas que as fabricam e, muito provavelmente, os técnicos do TSE/TRE.

E olha que eu nem posso afirmar que os técnicos dos TSE/TRE têm acesso realmente a TUDO! (mas isso seria irrelevante para a questão). “Ain, João, mas a Urna é Offline! Todo processo é feito desligado de qualquer rede!”

E quem disse que ser ONLINE é o problema? Eu nunca aleguei que o problema da Urna é poder ser invadida! Poder ser invadida é o menor dos problemas – nunca foi minha preocupação!

O problema é só um: não dá para AUDITAR a Urna, logo, não dá para ter garantias de que UM VOTO seja realmente destinado àquele candidato em quem você votou… A urna pode, simplesmente, REGISTRAR B depois que você VOTA A. E ninguém vai saber, porque não dá para auditar.

Se Bolsonaro pudesse realmente provar que houve fraude, ele estaria, na verdade, COMPROVANDO que o sistema é auditável, tornando desnecessário o comprovante impresso do voto que ele tanto defende. O comprovante impresso do voto é necessário justamente porque, sem ele, não se pode detectar fraudes, logo não se pode apresentá-las.

Todo o resto é questão de Fé: tem gente que acredita que houve fraude… tem gente que acredita que as urnas não podem ser fraudadas.

Só sei que nenhum dos dois pode provar o que diz. E É ESSE O PROBLEMA!

*João Antônio é professor

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