Recentemente, o Partido dos Trabalhadores (PT) tomou uma decisão importante, mas que passou despercebida pela grande mídia brasileira: a assinatura de uma resolução do Foro de São Paulo que reconhece a vitória eleitoral de Nicolás Maduro e expressa solidariedade ao regime venezuelano. O documento foi elaborado durante uma reunião de partidos de esquerda realizada no México, logo após a posse de Claudia Sheinbaum como presidenta do país.

A secretária executiva do Foro, Mônica Valente, que também ocupa um cargo na executiva nacional do PT, esteve presente na reunião. No entanto, o partido optou por não divulgar essa resolução, provavelmente temendo repercussões negativas nas próximas eleições municipais. Essa escolha estratégica levanta questões sobre a posição do PT e do presidente Lula em relação a Maduro, especialmente considerando que Lula vinha evitando reconhecer publicamente a vitória do venezuelano, a qual é amplamente contestada, inclusive por órgãos internacionais que a consideram fraudulenta.

Essa situação pode gerar desconforto para Lula, que, em sua busca por um equilíbrio nas relações internacionais e na política interna, se vê diante de um dilema. Por um lado, manter uma postura de apoio ao regime de Maduro pode agradar a uma ala do PT e à base de apoio no Foro de São Paulo. Por outro, isso pode alienar eleitores que rejeitam a legitimidade do governo venezuelano e que ainda têm na memória os impactos negativos da crise na Venezuela.

À medida que o segundo turno das eleições municipais se aproximam, a habilidade do PT de navegar entre essas questões será testada, principalmente em São Paulo, já que Guilherme Boulos, apoiado por Lula sofre pressões sobre esse tema. Resta saber como essa resolução, e a postura silenciosa do partido, influenciarão sua imagem e estratégia política nos próximos meses.