PT mantém críticas ao Plano Real após 30 anos: ‘Brasil ainda sofre efeitos colaterais’

Mário Flávio - 01.07.2024 às 21:10h

Mesmo após três décadas desde sua implementação, o Partido dos Trabalhadores (PT) continua a criticar o Plano Real, afirmando que o Brasil ainda sofre efeitos colaterais negativos decorrentes da política econômica adotada em 1994. Implementado durante o governo do presidente Itamar Franco, com Fernando Henrique Cardoso como ministro da Fazenda, o Plano Real é amplamente reconhecido por ter estabilizado a economia brasileira e controlado a hiperinflação, mas não escapa das contestações dentro do PT.

O PT, que estava na oposição na época, se posicionou contra várias das medidas adotadas pelo Plano Real, incluindo a desindexação da economia, a criação da nova moeda e as reformas fiscais e administrativas que o plano exigiu. Segundo os membros do partido, o Plano Real trouxe consigo uma série de problemas que ainda impactam a economia e a sociedade brasileira, como a concentração de renda, o aumento da dívida pública e a dependência de capital estrangeiro.

Uma das vozes nesse debate é a do presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloizio Mercadante. Em artigo publicado na Folha de S. Paulo, ele reconhece que o Plano Real teve sucesso em acabar com a alta inflação, ao reduzir o grau de indexação da economia brasileira.

O economista afirma ainda que a Unidade Real de Valor (URV) permitiu a saída de forma criativa e organizada da alta inflação inercial, sem congelamento de preços. Outro elemento crucial, segundo ele, foi a renegociação e a securitização da dívida externa pelo Plano Brady.

As críticas do PT também se estendem à política cambial e às privatizações que marcaram a era pós-Plano Real. A abertura da economia e a venda de empresas estatais são frequentemente apontadas pelo partido como fatores que contribuíram para a desindustrialização e a vulnerabilidade da economia brasileira às crises internacionais.

Embora o Plano Real seja amplamente celebrado por economistas e historiadores como um marco na história econômica do Brasil, o PT sustenta que é necessário revisitar e reavaliar suas consequências. Para o partido, é crucial que o país adote políticas econômicas que priorizem a justiça social, o combate às desigualdades e o fortalecimento do mercado interno.

“Estamos há 30 anos vivendo os efeitos colaterais de um plano que estabilizou a moeda, mas não resolveu os problemas estruturais da nossa economia. Precisamos de um novo modelo que coloque o povo em primeiro lugar,” conclui o líder petista.