Auditor das eleições na Bolívia renuncia após críticas a Evo Morales

Mário Flávio - 02.11.2019 às 10:10h

Do G1 – Por France Press

O chefe da missão da Organização dos Estados Americanos (OEA) que audita as eleições na Bolívia, Arturo Espinosa, renunciou nesta sexta-feira (1º), após admitir que publicou artigos críticos ao presidente Evo Morales (foto), anunciou o próprio funcionário no Twitter.

“Decidi me retirar da auditoria para não comprometer sua imparcialidade. Informei à OEA sobre manifestações públicas prévias sobre o processo eleitoral da Bolívia”, escreveu o mexicano Espinosa em sua conta no Twitter.

A missão da OEA, de 30 membros, iniciou na última quinta-feira (31) os trabalhos para verificar os resultados das eleições de 20 de outubro, vencidas por Morales no primeiro turno. O resultado é rejeitado pela oposição boliviana, que denuncia fraude na apuração, o que levou o governo Morales a aceitar a missão da OEA.

Espinosa, um especialista eleitoral e acadêmico mexicano, publicou na semana passada um artigo sobre as eleições na Bolívia muito crítico a Morales, segundo a imprensa boliviana.

O chefe da missão da OEA anunciou sua renúncia pouco depois de o Tribunal Supremo Eleitoral (TSE) divulgar o resultado final das eleições, confirmando a reeleição de Morales, com 47,08% dos votos, seguido pelo ex-presidente centrista Carlos Mesa, com 36,51%.

A diferença de mais de 10 pontos sobre Mesa garantiu a vitória de Morales já no primeiro turno. Mesa declarou que o resultado final do TSE confirma a “fraude” montada por Morales e trata-se de “uma agressão à boa fé da comunidade internacional”.

A oposição se nega a avalizar a auditoria da OEA por considerar que se trata de uma manobra para manter Morales no poder. O relatório da auditoria da OEA deve ficar pronto em duas semanas.

Os opositores não exigem mais uma nova contagem de votos, nem um segundo turno entre o presidente e Carlos Mesa. Agora, pedem a anulação da votação e novas eleições gerais (presidenciais e legislativas) “sem Evo Morales”, exigência rejeitada pelo governista de esquerda indígena.

Assembleias populares multitudinárias foram celebradas na noite de quinta em La Paz e na cidade de Santa Cruz (leste), que ratificaram o repúdio à auditoria da OEA e a exigência de novas eleições.