
A última semana foi repleta de desafios para o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e para o governo Lula. A equipe econômica do governo anunciou uma revisão de R$ 72 bilhões nos gastos previstos para 2025, o que gerou uma reação negativa no mercado financeiro. Esse anúncio, em conjunto com a divulgação do pacote fiscal do governo, elevou as expectativas do mercado em relação a uma possível alta da taxa Selic, com a probabilidade de um aumento de 0,75 ponto percentual no juro básico, devido ao aquecimento do mercado de trabalho.
O impacto dessa situação foi evidente no câmbio. O real se destacou como a 7ª moeda que mais se desvalorizou frente ao dólar em 2024, uma queda acentuada que posicionou a moeda brasileira apenas à frente das de países considerados mais pobres. O dólar, por sua vez, fechou esta sexta-feira (29) em patamar recorde de R$ 6, com uma alta de 24% no ano. Essa valorização da moeda norte-americana foi impulsionada, em parte, pela reação negativa dos agentes financeiros ao pacote fiscal do governo, que, segundo muitos analistas, não trouxe clareza suficiente sobre como o Brasil pretende enfrentar o atual cenário fiscal.
Outro fator que contribuiu para o mau desempenho da economia brasileira foi o vazamento de informações sobre uma possível isenção de Imposto de Renda (IR) para uma parte da população, que ganha até R$ 5 mil. Haddad admitiu que essa divulgação antecipada causou um desconforto no mercado, distorcendo as expectativas e gerando uma reação negativa dos investidores. O ministro afirmou que esse vazamento, que foi tratado como um erro de comunicação, atrapalhou a confiança dos agentes econômicos.
Com o pacote fiscal ainda pouco detalhado, o governo Lula se viu em meio a críticas sobre a falta de transparência e a inflação das expectativas em relação às suas medidas econômicas. A expectativa de que o governo possa não entregar os resultados prometidos gerou um clima de incerteza, o que fez com que o mercado se tornasse mais cauteloso. E, com isso, as projeções para a Selic aumentaram, dado o cenário inflacionário e a necessidade de um controle mais rigoroso da economia.
Para Haddad e para o governo, a semana foi um reflexo de como uma gestão econômica precisa de mais do que boas intenções. A falta de comunicação clara e o aumento das incertezas no cenário fiscal colocaram o governo em uma situação desconfortável, com o mercado reagindo de forma crítica a cada novo anúncio. Com o real em queda e o mercado financeiro em alerta, a tarefa de Haddad e sua equipe será agora reverter essa maré de desconfiança.