Tabata Amaral quer sair do PDT

Mário Flávio - 15.10.2019 às 11:09h

Do Jornal O Globo

A deputada Tabata Amaral (PDT-SP) anunciou na noite desta segunda-feira que entrará com uma ação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para deixar o PDT sem perder o mandato. A legislação determina que o mandato fique com o partido caso o parlamentar deixe a legenda fora da janela temporária – mas prevê exceções, como por exemplo perseguição política. Tabata alegará que se tornou alvo do partido desde que votou a favor da reforma da Previdência.

Ela antecipou que mais três deputados do PDT também vão à Justiça nesta terça-feira, além dela: Flávio Nogueira (PI), Gil Cutrim (MA) e Marlon Santos (RS), entre outros deputados do PSB na mesma situação.

Em entrevista ao programa “Roda Viva”, da TV Cultura, Tabata declarou que não está mais conseguindo exercer seu mandato. 

– O PDT não é mais meu partido.

Ao votar a favor da reforma contrariando a orientação da legenda, Tabata foi suspensa pelo comando do PDT, com a previsão de que seu caso de infidelidade fosse julgado internamente em dois meses.

– Já se passaram mais de três. Não tenho mais diálogo com o PDT. Enviei uma carta ao presidente Lupi pedindo que fosse julgada, sou ignorada. Não estou podendo atuar de forma efetiva na Câmara, não sou indicada para comissões, nada. Estou suspensa sem previsão de julgamento. É perseguição política – afirmou.

Tabata defendeu seu voto pela reforma. Ela disse que o PDT fechou questão contra a proposta do governo, mas que, depois de modificações no texto feitas durante a tramitação na Câmara, ela ficou parecida com a defendida pelo candidato do PDT à Presidência, Ciro Gomes, na campanha.

Tabata disse não “ter ideia” sobre para qual partido pretende ir se for bem-sucedida no pleito à Justiça Eleitoral.

– Não sentei para conversar com partido nenhum, como já disseram. Pretendo conversar e encontrar um partido que me dê liberdade para defender minha visão de mundo. Quero um partido que tenha compliance, código de ética, prévias para decidir os candidatos – disse, reconhecendo depois que um partido com essas características não existe.

– Vamos negociar um espaço para defender uma visão de centro-esquerda para ajudar a construir a pauta do país.

No programa, a deputada se definiu como uma politica de “centro-esquerda”.

– Eu me coloco como de centro-esquerda. Para mim, isso é enteder que o Brasil é desigual socialmente, que pauta social é prioritária, mas deve-se ser fiscalmente responsável.

A deputada também respondeu sobre se não há uma contradição entre se declarar feminista e posicionar-se contra a descriminalização do aborto.

– Para mim, a coerência tem a ver com ser verdadeira no que se diz. Para mim, a legislação sobre aborto é suficiente. Não defendo nem retrocesso nem avanço na legislação. Aborto é questão pessoal, o dilema ético que está posto. Tem a vida da mulher e a do feto, que não sei quando começa – respondeu a deputada.

– Isso não me faz menos feminista. Defendo políticas sociais para mulheres. Apresentei projeto para que, nas eleições para o Senado em que dois senadores são eleitos, necessariamente um seja mulher. Ter mais mulher na politica é pauta da minha vida.