“Quem discrimina a viola/ por não gostar de cultura/vai ver o povo/ levar um poeta à prefeitura”. E o povo viu mesmo. Localizada no sertão do Pajeú — celeiro da cantoria popular do Nordeste — Tabira elegeu um prefeito repentista. Isso depois de viver a chamada guerra das violas, na qual o instrumento símbolo da região esteve em evidência e em constante ameaça de destruição em praça pública. Pelo menos é o que conta o prefeito eleito Sebastião Dias (PTB).
Ele afirma que seguidores do prefeito José Edson Cristóvão, o Dinca Bandino (PSB) — que disputou a reeleição — prometeram durante a campanha quebrar as violas da cidade na frente da residência do petebista, caso este fosse derrotado. Chegaram, segundo ele, a distribuir cerca de mil CDs no município, “despachando” o candidato e seu ganha pão: “amanheceu, peguei a viola/ botei na sacola/ e fui viajar”, ironizavam os socialistas.
“Não sei se o prefeito esteve diretamente envolvido nisso. Mas sua militância, com certeza. Compraram violas de brinquedo para quebrar e mandaram confeccionar uma gigante, de mais de três metros, para promover uma destruição simbólica na frente da minha casa. O que aconteceu aqui foi um atentado à cultura popular. Quebrar viola em Tabira é violentar a alma do povo e desrespeitar a essência do lugar”, diz Sebastião.